A vida é tão breve que nunca percebemos sua presença, só sua ausência.
Minha mãe costumava comprar os remédios sempre na farmácia perto de casa, que era barata e valia muito a pena comprar as coisas lá. Eu me lembro da última vez que tínhamos ido: eu no carro esperando a mãe, cujo cartão de crédito insistia em pifar. O João, o atendente era muito bacana e sempre perguntava se ela queria o remédio para a lente de contato. Como o tal do remédio andava meio caro, minha mãe ficou um tempo sem comprar.
Isso tudo tem um mês. Ontem minha mãe resolveu comprar o tal do remédio e foi até a farmácia. João não estava. João tinha morrido. Pensei "Como morrido?". Eu nos meus 20 anos não creio que a minha vida seja breve - ela deve ser suficientemente longa para algumas histórias a mais, alguns amores e alguns porres homéricos.
Uma moto e um caminhão. Uma colisão tirou a vida de João. Isso tem mais ou menos um mês. Pela obviedade simples, deve ter sido logo após a última compra na farmácia. Ainda me lembro da pele clara, do jeito manso de falar, posso lembrar-me de muita coisa; e não posso acreditar que nunca mais irei vê-lo.
João, o cara da farmácia deve ser mais uma estatística de trânsito agora. A vida é breve e para tudo tem remédio menos para morte. A morte chega e nem avisa. Se avisasse ninguém a receberia. Como diria o ditado: o que não tem remédio, remediado está.
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4 comentários:
me sinto estranha em relação a morte
Roland Barthes diz que sente uma sensação estranha ao ler obras de autores que já morreram. Diz que é pertubador ver o contraste do texto vivo e do autor morto....
Isso vai cair na prova de Semiótica amanhã!
Já conhecia a história do João.
Roland Barthes? Até aqui? :S
¬¬
pra esse caso o ditado "entre mortos e feridos salvaram-se todos" não cabe.
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