quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

as fotos

Pensei em arrancar as fotos na tentativa de destruir o passado. Se o tempo destrói tudo, haveria de destruir aquelas imagens também.

(Havia algumas, tão novinhas, ainda esperando serem coladas...)

Mas então eu desisti. Teria que guardar fotos, bilhetes, cartas, músicas, sons, sonhos, sorrisos, lágrimas e medos.

Nem o esquecimento seria capaz de levar tantas marcas.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O passar do tempo

No mundo do eterno retono tudo é perdoado por antecipação.



O tempo passa e junto com ele vão todos os maus entendidos que a vida expõe.


O tempo passa e deixa sua marca no corpo de cada um que ousou enfrentá-lo.


O tempo passa e não traz o perdão.


O tempo passa e nos leva embora.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

ENSURDECE(DOR)

O telefone toca.


.....


O gancho cai junto com ele, que mudo, grita desesperadamente.


.....


O volume do som aumenta, as pernas tremem e o coração palpita.

A luz apaga, assim como as pálpebras vermelhas.

Resta o oco na gelada noite de janeiro, e o irritante cheiro de dois lucky strike.







Teoricamente tá tudo bem o tempo todo.








*Imagem Google.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Bom, bonito e barato

Sexta-feira, dia de agito. Nessa cidade, onde os bares fecham quando a festa começa, há eventos baratinhos que merecem ser prestigiados:

Até o dia 31 desse mês, o documentário O Engenho de Zé Lins, de Vladimir de Carvalho estará em cartaz no Cine Brasília (106/107 sul). Sempre às 19 horas. R$ 3 a meia e R$ 6 a inteira.



As exposições "Impressões Visuais"
e "Arte e música - paisagens sonoras" vão estar até
o dia 24 de fevereiro na Caixa Cultural. De terça a domingo,
das 9h às 21h e de graça!!! A primeira revela um pouco
a história do fotojornalismo e traz 126 fotos emblemáticas do Brasil e dos Estados Unidos.

*Imagem: Alfred Eisenstaedt

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Espera

"Só pra ler, no teu rosto, uma mensagem de amor"
Hebert Vianna


Eu via o olhar dela numa tristeza: um verde de esperança quase morta. Era um olhar que eu já senti, típico, que só uma mulher sentiria. Uma dor de perdão, um sorriso amarelo, um olhar de "é isso mesmo", quando a música de dor de cotovelo toca. Ela era tão linda, e as outras que já sentiram isso também. Podia ser a menina do carlton red ou a da antártica gelada no copo de plástico. Ele fazia gracejos, até dava um certo um carinho, chegava perto e fingia autoridade quando ela sambava demais. Mas a música continuava e ela novamente sentia a dor do perdão que cada um carrega consigo silenciosamente. Ele era mais um, mas aquele que ela amava. Cada um sabe o motivo da sua espera. E ela sabia como ninguém.


segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Moçambique em pauta II

Amanhã no Repórter Brasil, canal 2, às 21 horas, será transmitida a segunda parte do especial sobre Moçambique. Vale a pena dá uma olhada.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Papo de msn





Essas dores, as mais clichês, são as que doem mais.






Para Nati. :*



*Imagem: Google

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Moçambique em pauta

"Os fatos só são verdadeiros depois de serem inventados"
Mia Couto



Ontem tive a alegria de um acaso muito bem vindo. Zappeando os canais da tv vi o rosto de Mia Couto, e quem me conhece sabe da minha paixão por ele. Quem não conhece o apresento: Mia Couto é Antônio Emílio Leite Couto, um biólogo escritor, autor de diversos livros de contos, cônicas e romances.

Conheci Mia no meu primeiro semestre de jornalismo, estudando Língua Portuguesa. A obra em questão foi Terra Sonâmbula (segundo o autor “o livro mais difícil de ser escrito”, e creio que o melhor também), um livro que se explica pelo título: Moçambique é uma nação em busca de si mesma, uma terra, um país, sonâmbulo, procurando por sua essência.

O enredo: o menino Muidinga e o velho Tuahir fugindo da guerra encontram um "machibombo" (ônibus) queimado e uma maleta, cheia de cadernos, contando uma história, que se confunde com a do próprio país.

Os livros do autor moçambicano normalmente abordam o mundo onírico, a morte e o tempo. O tempo, nos livros, representa o tempo da África, circular, não linear. Tanto que ao explicá-lo , Mia Couto diz que em certos dialetos não há a palavra futuro.

A morte, os mortos, se misturam com os sonhos, reais demais, como no realismo fantástico da América Latina.

Mia é um autor a ser descoberto pelo Brasil, sem dúvida.

Romances de Mia Couto (segundo a Wikipédia) :

  • Terra Sonâmbula
  • A Varanda do Frangipani
  • Mar Me Quer
  • Vinte e Zinco
  • O Último Vôo do Flamingo
  • O Gato e o Escuro
  • Um Rio Chamado Tempo, uma Casa Chamada Terra
  • A Chuva Pasmada
  • O Outro Pé da Sereia.


E para quem não for fazer nada hoje a noite: Além Mar ás 22h40, no Canal 2. Além mar é um documentário que revela os países de língua portuguesa, parece ser bem legal.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Sentimentos

Não existe nada mais único que o sentimento de uma pessoa. De um tempo pra cá percebo a incompreensão do alheio: as pessoas próximas de mim não me entendem e acreditam que as minhas palavras são mera amargura.

Exemplo: existem pessoas que depois que você se relaciona, tanto faz. Uns não se importam se eles permanecem perto; outros dão uma mão pro tempo e se distanciam a fim de acelerarem o processo do esquecimento.

Justo. Mas nem todas as pessoas se encaixam no tópico "não fede nem cheira". Quando tanto faz, as pessoas são como cometas: passam, não deixam rastro e viram lenda. Histórias a serem contadas outrora. Porém, há uma classe de pessoas especiais: são aquelas marcadas na pele, quiçá na alma. São essas pessoas que fazem a fé permanecer e o amor ressurgir.

Contudo, sempre haverá os dois tipos. Invariavelmente. Não importa quem não compreenda.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Esquentando os tamborins

“Lá vem a bateria da Mocidade Independente
Não existe mais quente
Não existe mais quente

É o festival do povo
É a alegria da cidade

Salve a Mocidade!
Salve a Mocidade!

Mestre André sempre dizia:
"Ninguém segura a nossa bateria"

Padre Miguel é a capital do samba
Que tem a bateria que bate melhor no carnaval!”



Na última quarta e quinta-feira, os brasilienses puderam prestigiar a Velha Guarda da Mocidade Independente de Padre Miguel, no Teatro da Caixa. Com vários clássicos da escola e com muita história sobre o samba, o pessoal de Padre Miguel deu um show para os felizardos que conseguiram garantir seus ingressos.

Nota 10 para os patrocinadores, pois, Brasília (o Brasil, na verdade) precisa disso: de boa música e de graça!

Em contrapartida vem o pessoal do Monobloco. A banda carioca se apresenta pela 3ª vez na capital sábado que vem, dia 19, na AABB. Quem quiser pagar R$ 35,00 a pista, fica à vontade. Eu vou esperar a Velha Guarda, que retorna a Brasília uma semana antes do carnaval. De graça, assim espero.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Eu também vou reclamar

Eu, a preguiça e a falta de tempo para escrever. Realmente, só pagando e bem, para escrever todo doa. Haja talento e disposição.

Mas bem, falo hoje do Som Brasil – Raul. Na madrugada de terça para quarta-feira, quem não tava fazendo nada viu as bandas Vanguard, Móveis Coloniais de Acaju, Lobão e Anna Luisa cantando o saudoso Raul Seixas.

Tipo assim, Raul é clichê pra caramba, assim como gritar “toca raul nos shows”, mas mesmo sendo batidão é bom, eu gosto. Raul é uma super expressão do rock nacional.

Tô aqui na internet fuçando, vendo se eu acho algo sobre esse meninos do Vanguard. Bonitinhos, cheios de estilo, esses guris que cantaram até bem (adorei a cara do vocalista em Rock das Aranhas) me impressionaram. Gostei do estilo Beatles de se vestir, mais The Wonders... Mas bem, não achei nada deles. Quem souber algo deles nos avise...

Assim Móveis é bão demais. Made in cerrado, a big band brasiliense mandou bem Raulzito, mas eu senti uma certa timidez. Não sei se era o palco, pequeno, ou a Globo, ou o que, só sei que quem já viu o MCA nos Centros Comunitários da vida, sabe que eles são pura pilha no palco. Vi uns comentários na internet falando mal da banda. Não gostei. Mas MCA é assim: digerido e encantado aos poucos.

Lobão comandou o rock’n’roll no palco e dispensa comentários. Quem gosta do cara gosta e pronto. A tal da Anna Luisa que não tem nada haver com o rock estragou por completo a homenagem ao cara que nasceu há dez mil anos trás. Faltaram mais nomes expressivos e mais tempo pra Raul na tela da Globo.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O olhar

Ao perguntar o que ele mais gostava nela ele não soube responder. Olhou um tempo para seu rosto e respondeu "o olhar". O olhar? Porque ele?

A mãe ao explicar a beleza da filha, certa vez disse que os olhos dela eram muito bonitos, por serem sinceros, por passarem exatamente o sentimento dela.

Uma vez ele viu um olhar apaixonado e o tomou para si. Era apaixonado sim, mas não era para ele.

sábado, 5 de janeiro de 2008

É som de Preto


Sexta é dia de samba. Na verdade essa foi minha máxima durante tempos, e se repetiu na primeira sexta do ano. Brasília é uma cidade novinha com espírito de velho: poucas festas, e quando tem, são clichês ou caras demais, daí sobra o bar, já que nem tem mar.

O Arena dá um puto estudo antropológico. Estudo antropológico dos próprios antropólogos. É um mar de estudantes da UnB metidos a super-cool ou a PIMBA mesmo. Super interessados em cultura popular lá estão eles ouvindo Elis Regina e Chico Buarque e jurando que entendem de samba. Se tocar Vinícius de Moraes é o ápice. Pô, confesso que gosto de tudo isso, inclusive dos clássicos que sempre rolam: Madalena, Aquarela do Brasil e Flor de Lis [que nem samba é]. Nossa, dava pra fazer um Arena Hits, porque em qualquer evento que seja, há de ter as mesmíssimas músicas.

Pois bem, na falta de fazer lá estava eu, de novo, curtindo o que a pretaiada [mas uma brancaiada também] chamaria de “Samba de Branco”. Pode soar preconceituoso, mas não é não. Nesse gênero estão os sambas acalmados pelo mundo acadêmico. “Samba de Preto” é diferente e quem gosta sabe. Engraçado lá no Arena quando cantou Martinho da Vila ninguém soube cantar. Porque será?

Pois é, Martinho, Zeca, Beth, Almir Guineto, Fundo de Quintal, Arlindo Cruz, Jorge Aragão, esse pessoal todo aí, adeptos ao Partido Alto, cantam o famoso Samba de Preto, criado informalmente ao longo dos tempos. Essa galera canta um samba mais batucado, sincopado, mais preto, com elementos da cultura negra que se ouvidos aleatoriamente, serão imperceptíveis. Mas não é difícil perceber os pontos de macumba em algumas músicas do Zeca ou a realidade da mulher da periferia expressada por Martinho quando ele “pede” pra cuidar do nêgo que chegou de porre da boemia, basta procurar.

Soul Seek, E mule, Discografias no Orkut e muitos outros estão na aí na net pra mostrar tudo que há de música mundial. Recomendo um tempo pro Samba de Preto, já que com som de preto ninguém fica parado.

*Imagem: Detalhe de Dança, de Heitor dos Prazeres

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Fique à vontade

Bem-vindo Ano Novo! Pode chegar e ficar à vontade! Aceita uma champanhe? Uma cerveja? Ah! Tá...regime né? Sei como é: todo ano é isso, as promessas de regime. Mas não duram muito não, ficam por aí, no máximo até o Carnaval. E aí 2008, o que me conta de bom? Sim, sim Paz, Amor , Saúde, Prosperidade....os votos de sempre; mas será que são sempre verdade? É, se você nem sabe, quem vai saber?

Mais um ano surge e pede passagem. 2008, ano 1 na numerologia, regido por Marte e com proteção de Oxalá e Ogum. Mas no final das contas é, na verdade, um recomeço, para todos nós. Nessa época surgem promessas, crenças, esperanças, mas me pergunto: porque tanta espera o Ano Novo se muitas vezes ele é motivo de lágrimas. Nem sempre são de alegrias; vejo tanta mágoa e tanto rancor por aí...

Toda virada eu quase choro, principalmente se eu estiver com a família. Vejo a luta de permanecer de cada um e me orgulho de ser um deles. A luta fica mais saborosa quando nada que você conseguiu caiu do céu.

Pois bem, desejo um ano novo realmente novo, sem tristezas, sem mágoas, com mais perdão e alegria; desejo a paz, o bem, não vendo a quem; desejo mais fraternidade e menos egoísmo. Que a promessa para 2008 seja ser um ser humano melhor.

Feliz ciclo novo.