quarta-feira, 27 de junho de 2007

Noite Junina

Uma vez lhe disseram que os olhos são a candeia do corpo e, se eles são bons é porque o corpo tem luz.

Ela olhava firme nos olhos dele. Virou um hábito. Parecia que dessa forma via melhor as pessoas. Os olhos são a janela da alma, não é isso?

Ela via o reflexo do fogo; era o brilho vermelho da fogueira nos verdes cansados. Vermelho simboliza amor, mas não havia amor; havia fogo, e fogo pode ser paixão. E era. Uma antiga, dos tempos idos e esquecidos. Ela não sabia se gostava de retornar, não sabia se compensava, mas sempre voltava. Em busca de velhas novidades.

Era calor no meio do frio de junho. A noite mais fria, dizem os crentes. São João traz noites frias para que as pessoas busquem esquentar seus corações.

Ela rememorava todas as noites juninas anteriores, que foram frias, secas e solitárias. Ecoava no seu interior as tristezas e amargas lembranças. Quantas mentiras foram contadas, a fim de esquecer o passado? Quantas promessas foram quebradas por puro capricho do destino? Quantas palavras sem ritmo foram criadas atrás de uma justificativa?

Ela não buscava mais respostas vãs. O fogo haveria de queimá-las.

2 comentários:

Anônimo disse...

Amém.

Daniel Mello disse...

Esse é o dia do meu niver...
Eu adoro noites frias de inverno braziliense, festas junias e fogueiras =)