quinta-feira, 28 de junho de 2007

Memórias

Hoje me chamaram de "tia". Eu tenho 20 anos e cara de 18, dizem certos garçons de butecos. Mas não gostei de ser chamada de "tia" por uma menina de 13 anos. Até esses dias eu era uma menina de 13 anos, que mal sabia do mundo e ainda flertava com as Barbies. Sempre adorei brincar de Barbie. Eu tinha sensação incrível, eu manipulava, fazia o que queria. As alegrias, tristezas, medos e desejos surgiam na dose que me agradava. Não era que nem a vida real, que não tinha controle e que me dava um certo receio.

Ontem, sentada no bar [para não perder o costume], falava abobrinhas, quando chegamos a certas lembranças da infância. Minha amiga cantou "Meu lanchinho" e quase fui às lágrimas. Lembrei de mim, sentada, com a lancheira aberta, com a toalhinha estirada e os biscoitos espalhados em cima dela. A garrafa de suco que sempre [repito sempre] entornava, e manchava de maracujá ou de uva a tal da toalhinha.

Eu de vez em quando ia ou voltava a pé da escola, na época do pré. Era pertinho de casa e eu ia brincando no caminho. Debaixo de um prédio na quadra do lado, tinha [ou melhor tem, pois ele resiste firme e forte] um hidrante. Pior, eu era apaixonada pelo hidrante. Não sei porquê, só sei que ele é vermelho e, na época, era quase do meu tamanho e falava comigo pelo visto. Criança tem cada criatividade que nos surpreende.

Lembro de pouquíssimas coisas da minha infância até meus seis anos, não sei se é trauma, se é escolha, ou o que é, mas sei que quase nada ficou. Uma piscina em forma de feijão, as freiras ensinando rezar o terço, as quadrilhas, ou minha mãe puxando meu cabelo e eu ficando com cara de japonesa no final do penteado. Restou pouco mas o suficiente para acreditar que foi uma boa infância.

Acho no fundo nem ligo de ser tia, a infância passou mesmo. Que venham as alegrias de um adulto... se é que existem....

5 comentários:

Marjorie Chaves disse...

Bom, chamada de tia eu já sou desde 1999 na época do Santa Rosa! Aheaehaehuehaua... mas então, a melhor parte da infância é a inocência, a ilusão de que o mundo ainda tem jeito, que tudo se resolve na birra!

Hoje, aos 26 anos, nem acredito mais na humanidade...

Adorei seu blog.

Beijos.

Anônimo disse...

Oi Preta!

Com os meu vinte e poucos anos, ainda tenho fé para acreditar em algumas pessoas e sorrir.
Ser chamada de Tia é divertido.

Que a velhice, venha de forma colorida.

Henrique César Santana disse...

Hahahaha! Sua mãe puxando seus cabelos até vc ficar com rcara de japonesa! ahsuahuhsuas

Na minha infância eu fugia pro mato, brincava com escorpião, tacava fogo em casa (e no meu irmão), assustava gente em casa e na rua, quebrava ovo de galinha, apedrejava telhado de vizinho, matava pintinho e jogava o corpo na casa do lado, roubava cigarro e fazia meus primos fumarem, fazia safadeza com &$#$&)@#$&@#) de Tal, e mais $#*&$¨@*&#¨$ de Tal... hoje quem vê pensa que eu sempre fui assim, santo, imaculado e caladinho! =D

Silva disse...

Boas lembranças...
:))

Mah disse...

rique rique quem te viu quem te vê