Olhava fixamente para o mar, não sei o que mais me encantava: sua grandeza ou sua capacidade de levar os males.
O mar também acabava levando sonhos; sonhos doces e imaculados que se desgastaram com o excesso de sonhar. Levou também ilusões – amargas como fel- que por muitas vezes se mimetizaram e acabaram se mesclando com tais sonhos. Ilusões que parecem sombras: sempre em algum lugar, ocultando algo.
A noite acabocanhara o Sol, deixando rastros de luminosidade com as pequeninas estrelas. Tão solitária e vazia. Só podia se escutar as ondas, levando o passado pesado de dor.
Timidamente a luz ressurgia mudando a maré e o fluxo de mudanças. Novas mutações haviam de surgir, jovens lagartas ainda se tornariam leves borboletas, fugindo de um mundo que as não pertencia.
Levantei-me, mas antes de ir embora contemplei um pouco mais o mar, respirei fundo e enxuguei as lágrimas e prometi não mais causar cheias naquela imensidão de água.
Março de 2006, após Terra Sonâmbula.
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