domingo, 26 de outubro de 2008

Abandono

Esse blog, coitado, anda tão abandonado.
Mas é o tempo, sabe? Sempre culpa dele.

Trabalho em excesso, tribulações cotidianas e todas essas coisas. Fim de semestre é sempre assim, e parece que esse anda impossível.

O mundo anda meio abandonado também. É a morte desastrosa de uma menina de 15 de anos, é a mídia caótica, é a polícia do meu país em pé de guerra, é a oscilação da bolsa, é a fome, são as queimadas, as monções, a corrupção...

Não sei se é coletivo ou local, mas sei que uma nuvem de desânimo pousou na minha cidade e os jovens que deveriam borbulhar energia estão mais parados que os ventos daqui.

É o calor, são as histéricas cigarras, é a lei seca.

Uma cidade que não tem mar precisa de bar. Nem as cervejas estão dando conta do marasmo coletivo.

Fico aqui, na espera que o Sol, a Lua ou algum planeta mude de posição, trazendo boas novas para gente.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Breve comentário 2

Deu na France Press que o escritor Paulo Coelho é um dos convidados da 60ª edição da Feira do Livro de Frankfurt. Até aí tudo bem, mal gosto para convidado não se discute. Mas porque ele estará lá? Porque ele vai comemorar os 100 milhões de exemplares de livros vendidos no mundo!

E isso não é o pior.

Paulo Coelho também irá receber um Livro Guinness dos Recordes Mundiais Especial por seu romance O Alquimista, como o mais traduzido no mundo (67 idiomas – por Dios!).

O mundo tá perdido e ainda não se deu conta disso.

domingo, 12 de outubro de 2008

Cem anos de Cartola


“Os tempos idos
Nunca esquecidos
Trazem saudades ao recordar
É com tristeza que eu relembro
Coisas remotas que não vêm mais”

Tempos Idos – Cartola e Carlos Cachaça



Desde o começo do ano eu pensei em preparar um texto bem especial para o dia 11 de outubro, ontem. Mas o destino não quis. Falta de tempo, organização, cansaço e preguiça. Vários fatores me fizeram não fazer uma pesquisa aprofundada sobre Cartola.

Eu até comecei a ler uns livros sobre música, que contava a história desse músico genial, criador da minha querida escola Estação Primeira de Mangueira. O nome veio de uma estação, óbvio, que tinha uma mangueira na frente. Mais simples impossível.

Querida escola, mas digo, um tanto quanto ingrata. Nem todos ali concordaram, eu bem sei, mas me revolto. Ao invés de escolher seu criador como tema de samba enredo deste ano, o frevo ganhou espaço na quadra. Por isso faço questão de engrossar o coro daqueles que lembraram de Cartola em seu centenário. Já que a escola não o fez.

Falar da vida de Angenor de Oliveira é difícil pra mim. Perdão, escrever sobre ele que é difícil. Falar é fácil. É só sentar uma boa mesa de bar, que a história por si só toma conta das palavras e verbaliza sobre o nascimento complicado, o amor por Zica, o encontro com Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) ou sobre o restaurante mais badalado na rua da Carioca, o Zicartola.

Filmes, livros e discografias são capazes de contar um pouquinho da vida dele também. Cartola nasceu no dia em que Machado de Assis morreu. O mundo tirou um poeta para deixar outro, mais simples, pontual e contemporâneo. Em 30 de novembro de 1891, o mundo nos tirou mais um talento; e deixou um vão enorme.

Bibliografia:
Inúmeras

Filmografia:
Cartola – Música para os olhos (Lírio Ferreira e Hilton Lacerda)

Discografia (extraída de http://www.cartola.org.br/discografia.html) :

Fala, mangueira
Nova história da MPB – Cartola
Cartola – Por seus autores e intérpretes
Cartola (1974)
Cartola (1976)
Cartola – Verde que te quero rosa
Cartola – Ao vivo
Cartola – 70 anos
Adeus mestre cartola
Cartola – Documento inédito
Cartola – História da mpb
Cartola – Entre amigos
Cartola - 80 anos
Cartola – Bate outra vez
Cartola 70 – Edição comemorativa do lp –“Fala, mangueira”
10 anos sem cartola - Disco 1 e 2
Arranco – Sambas de cartola
Cartola – O sol nascerá
Cartola – Série aplauso
Cartola – MPB compositores

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Senhor das situações

Parece que não foi só que eu senti saudade do passado. De umas semanas pra cá, ele voltou com muita intensidade, e como era de se esperar, eu o recordei. Guardei os melhores momentos na lembrança e os folheei como quem revê um álbum de fotos antigas. Em menos de um ano, tudo virou de cabeça pra baixo e revelou mudanças anunciadas há tempos.

Eu ouvi um antigo companheiro dizer “Ah! Que saudade”, quando comentei sobre um almoço de outro dia. Era como se tivéssemos entrado em uma máquina do tempo e voltado para a nossa adolescência, o Ensino Médio, cheio de provas... Poderia ser como eram naquelas semanas que estudávamos o mundo, e para esquecê-lo, uma salvadora cerveja era paga com uns trocados da mesada.

Ao longo da conversa nomes que pareciam tabus iam aparecendo e trazendo o gosto da saudade, de tempos que jurávamos ser para sempre. Nada nos destruiria, nada. Até que o tempo se mostrou transformador e destruidor. Sua ação foi sutil, como a maresia que enferruja os portões de uma casa a beira-mar.

Não falo mais com fulano que brigou com o sicrano que mudou de cidade tem uns dois anos. A Mariazinha, vizinha do Pedrinho, viu o João, que foi grande amigo de Joaquim. É mais ou menos assim que a nossa história pode ser contada. Gente que ficou para trás num emaranhado de lembranças.

Explicava ao antigo companheiro: “Demos tempo ao tempo”, e ele relutante não compreendia a magia da espera.

E foi justamente por querer abraçar o mundo com as pernas que nos perdemos e nos tornamos agridoces histórias a serem contadas em encontros marcados pelo destino – o misterioso senhor das situações.