sexta-feira, 22 de junho de 2007

O primeiro Carnaval no Rio [2006]

O primeiro Carnaval no Rio ninguém esquece, ainda mais quando se tem 19 anos.Eram seis amigos no total; seis mentes e corpos inquietos brasilienses, ansiosos por um Carnaval de verdade, sem chuva, Pacotão ou Baratona.

Ao chegar na Cidade Maravilhosa me comovi -quase chorei-, não chegava no Galeão,ia de ônibus como todo estudante quebrado, mas não deixava de cantar “Samba do Avião” de Tom Jobim: “Minha alma canta...”.O Rio pra mim sempre foi clichê, mas descobri com o tempo que também nos rendemos ao clichê; e lá estava eu boba e apaixonada pela cidade mais batida do meu país.

Tudo me encantava: ver o sambódramo, o trânsito, o caos, a malandragem, era tão maior e tão mais bonito... Amo Brasília, mas minha querida cidade moça, que nem 50 anos tinha, não possuía aquele frisson que a Cidade Maravilhosa possuía.

Quando se é apaixonado por Bossa, estar no Rio é mais mágico ainda. Cantava o dia todo: Tom, Vínícius, Baden, Nara, e me enlouquecia mais ainda imaginando suas histórias. Na época lia as memórias de Danuza Leão (irmã de Nara) e estar na frente do Copacabana Palace era viver por alguns instantes nos anos 50, 60 ou 70. Na verdade eis minha grande inspiração: a Bossa Nova.

Muita coisa mudou desde a Garota de Ipanema pra cá, mas outras continuavam as mesmas.
Rio era sinônimo de frenesi, mistura e desafios. Era paradoxal passear em tranqüilos blocos de família pelo Flamengo... sóbrios e relaxados e em outros tempos, ver jovens comprando drogas com facilidade no tranqüilo Leme. Talvez uma mesma juventude que se drogava em tempos passados.

As drogas variam, porém, o álcool e o cigarro eram companheiros velhos que insistiam em nunca desaparecer, vícios não se largam,se amenizam.

Assim aquela cidade ia se tornando tão mais louca, mas ainda tranqüila o suficiente para se perder vendo por do sol no Arpoador, na altura do Posto cinco. Infelizmente o tempo foi curto de mais para Ipanema e Leblon e o tão famoso (e clichê como não?) Posto 9 ficaram pra próxima.

Ao andar por Copa (já me sinto íntima) cantarolava “Ela é carioca”, me sentindo a própria.Não queria voltar pra casa; era tão bom passar uma semana nem problemas, obrigações ou qualquer outra coisa que me fizesse pensar muito.O máximo que me permitia era pensar qual bloco de rua iríamos aquele dia.

Todo Carnaval tem seu fim já diriam uns meninos barbudos que misturam Bossa com Rock -ou sei lá o que é aquilo-, e voltava pra Brasília triste por não continuar cantando “Dia de Luz, festa do Sol...” na praia do Botafogo, observando o bondinho que passa sem pressa, assim como a vida deve ser.

A tristeza consome ao chegar ao destino, uma chuva melancólica nos recepciona e me lembrava do astuto Sol que nos despediu do Rio, me lembrava dos blocos, das marchinhas, da gripe que peguei por cometer alguns excessos (talvez seja o ar condicionado também), me lembrava a simpatia de um povo que está sempre bronzeado de Sol. Chega de saudade, pois a Semana Santa se aproxima e se for possível, lá vamos nós engrossar o coro da música de Gil “E o Rio de Janeiro continua lindo...”

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