sábado, 27 de outubro de 2007

Sexta-feira

“De qualquer jeito amor (...), embora não mate a sede da gente.”
Caio Fernando Abreu


Mais uma sexta-feira. Uma manhã de primavera, cheia de cigarras chatas e de sombras frias. O calor, que só se revelaria depois das onze, gritava, duas horas antes.

Lá estava eu, debaixo das pilotis plano pilotenses: sentada, lendo Caio Fernando Abreu, vendo ele falar de amor. Amor e Deus, Amor e Sexo, amor, amor...Ah! Amor...Sai dia, entra dia e não sei se posso ou devo ainda acreditar na pauta predileta dos poetas.

Passa o cara do cd pirata [é, é a democracia por outras vias sim!], passa o tio do jornal, fica o porteiro do prédio, que não se cansa de pintar a calçada de cinza. Cinza como muitos outros dias, vazios assim, como hoje, sem amor, com um livro, no máximo um samba antigo. E dessa vez com esse cheiro, de tinta me embriagando.

Mas hoje é sexta! Dia oficial de porres, de mágoas afogadas e de esperanças renovadas. A mim me resta o sábado, com ressacas colossais.

4 comentários:

Celline disse...

Olá!
Vc escreve mto bem.... textos muito interessantes..
Beijos

Daniel Mello disse...

Rompi relações com o alcóol..ele me roubou algo muito precioso...Porém sinto falta...
=*

Anônimo disse...

Não desacredite não minha preta... Que texto triste esse último..... O amor tá ai... qqr hora dessas ele tropeça em vc quando estiveres lendo. Vê só...
E uma preta de responsa ciente do seu valor, inteligente que só além de lindissima... Era pra ter muita gente tropeçando... rsrsrss Beijao gatissima.

Salve Jorge disse...

Ainda lerei o Caio
Enfiarei-o no balaio
Talvez numa sexta
Qualquer dia besta
Em que cantem as cigarras
Se prenunciem as farras
Em que a ebriedade nos agarra
E nada nos amarra
Daí surjo prontamente
Com um samba antigo
Todo sorridente
Para que sorrias comigo
Fazer-me bom amigo
E guardá-la no umbigo
Ser um abrigo
Do cinza e das descrenças
Há quem diga que amor não compensa
Mas esteja propensa
A esquecer as desavenças
Que há aqui quem te convença
Amor existe sim...