quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Novas regras e novos problemas

É uma decisão pior que a outra. A UnB tá mais perdida que cego em tiroteio.

O sistema de cotas mudou, as fotos foram abolidas, e em seu lugar, uma entrevista será realizada. Nota 10. Quem possui identidade negra vai ter a coragem de se expor e dizer “sim, concorro pelas cotas”. Dessa maneira, os hipócritas de plantão não terão vez. Chega de bronzeamento e penteados afros antes da prova. Chega de gente brincando com minha etnia.

A homologação das cotas só saíra depois do resultado do vestibular, e quem for reprovado na entrevista perde o vestibular, pois, não poderá concorrer no sistema universal. Nota 0. Quem garante que a banca examinadora saberá examinar tão bem assim? Quem serão os examinadores? Eles saberão o que é carregar a identidade negra sem ter cabelo crespo? Ser negro vai além dos fenótipos.

Os gêmeos, protagonistas do vexame no vestibular passado [vide post O racismo e a hipocrisia do dia 08/06/07], não passaram na UnB. Agora a mamata acabou. Eles que disseram ser contra as cotas terão que concorrer somente no universal, sem a mordomia da concorrência menor dos cotistas. Em falar em concorrência....

Os pardos e negros temem o aumento com essa história de entrevista, e assim, pensam até em concorrer no sistema universal. Aí vai tudo pro ralo, pois, a idéia era a auto-afirmação.

Lendo o jornal vi um comentário de doer: seria justo que os negros e pardos escolhessem somente um sistema, já que os brancos só possuem o universal. Justo. O que seria justo?

Meu povo por mais de 300 anos foi marcado pelo açoite e hoje luta contra forças invisíveis [o mito da miscigenação], e alguém tem o disparate de dizer que não é justo termos duas chances no vestibular. Justo seria a competição um pra um entre brancos e negros, justo seria não ter que provar o tempo todo competência, já que a cor da pele “é o eles olham, velha chaga”.

Bem, espero muito que as coisas entrem no eixo, que a UnB enfim encontre um sistema coerente e o mais importante: que o MEU POVO NEGRO ingresse no Ensino Superior e que a educação se torne colorida.

3 comentários:

Anônimo disse...

Seu Post: Nota 10. A banca examinadora será excelente se começar por ser toda negra,e for capacitada para avaliar pessoas. Depois disso, lutar para que esses "problemas de logística" ressaltados pelo timóteo mullahond (tirar a possibilidade de um candidato concorrer no universal)sejam solucionados. Me parece mais uma ferramentinha de ganhar dinheiro, em detrimento do futuro do nosso povo preto. Futuro... Ainda que @ pret@ passe por cotas e no vestibular a universidade não está apoiando os cotistas lá dentro. As parcas 50 bolsas de auxílio-pesquisa (quando entram mais q o dobro de cotistas a cada semestre)foram cortadas, e o programa afroatitude acabou. Isso ninguém tá falando, nem está sendo capa de jornal.

Anônimo disse...

Lógico que um branco pode clamar por justiça, sim. Pq não? Só pq escravos foram açoitados há alguns séculos por brancos, estes não tem direito à justiça hoje em dia? Não entendo.
A luta dos negros é altamente necessária e enriquecedora para o nosso país. Mas querer passar por cima com essa justificativa não acho correto. E não, não sou um branco se sentindo ofendido com essa "insurgência". Só aprecio demais a igualdade e a falta de hipocrisia.

Mah disse...

Nunca disse que os brancos não podem clamar por justiça.

Só disse que a justiça é branca.