domingo, 2 de setembro de 2007

Trançando idéias

"Você ri da minha roupa
Você ri do meu cabelo
Cê ri da minha pele
Você ri do meu sorriso"

Meus finais de semana andam bastante produtivos....A cada um que chega ocorrem novas percepções diferentes do mundo; desconfio ainda ser o Fotojornalismo.

Ontem, voltei a ser loira... haha, quem não me conhece, pensa até que pintei minhas madeixas, mas não, fiz minhas trancinhas com aplique loiro, e tá legal à beça.

Enquanto fiquei longas 5 horas sentada esperando o tal penteado, percebi coisas bacanas ao meu redor. As mulheres trançando e destrançando cabelos loiros, pretos, vermelhos; outras relaxando os fios na tentativa de permanecer com os cachos com menos volume, por causa dessa sociedade careta, inacessível aos blacks power autênticos, o menininho fazendo o novo corte; o cara que fez do salão seu divã, e de seu cabeleleiro terapeuta.

Zeca Baleiro diz que no salão de beleza é o lugar que possui menos beleza; ele não fala dos salões afro. Eles representam uma maneira de resistência ao mundo branco opressor; são pessoas de diferentes classes que se unem pela etnia que têm, pela pele preta que carregam. O preconceito é racial, não social como a mídia diz. Preconceito, primeiro é contra preto, depois contra pobre. A cor da pele é o fator-diferenciador nesse Brasil cheio de mitos.

Pois bem, naquele salão vi tanta coisa bonita, tanta gente preta, que pensei em bater umas fotos lá depois. Acho que é uma pauta bem bacana.

"Meu cabelo enrolado
Todos querem imitar
Tá todo mundo baratinado
Também querem enrolar"

3 comentários:

Daniel Mello disse...

Não tenho certeza se o preconceito é necessariamente primeiro contra preto e depois contra pobre não. Acho que as duas coisas nascem siamesas, dificeis de separar desse jeito.
Gilberto Freire já dizia que na história do Brasil, os pretos que conseguiam dinheiro e ascensão social costumavam "embranquecer".
E só comparar um retrato pintado de Machado de Assis com uma fotografia que se nega a mentir.

Salve Jorge disse...

"Cabelo, cabeleira
Cabeluda, descabelada
Quem disse que o cabelo
Não sente

Quem disse que o cabelo
Não gosta de pente
Cabelo quando cresce é tempo
Cabelo embaraçado é vento
Cabelo vem lá de dentro
Cabelo é como pensamento
Quem pensa que cabelo é mato
Quem pensa que cabelo é pasto
Cabelo com orgulho é crina
Cilindros de espessura fina
Cabelo quer ficar prá cima
Laque, fixador, gomalina.."

E viva o poder da cabeleira
E a tua arte tão faceira, minha cara

Marjorie Chaves disse...

Adorei o texto suscinto e preciso. Não vou entrar aqui numa discussão politizada, pois enfim, você sabe muito, não é preciso que eu diga.

A quebra dos preconceitos estão em tantas coisas! Quem dera fosse somente nos cabelos [das mulheres, principalmente]. Estão na roupas, nas cores, na maneira de ser e agir... em quase tudo que é humano.

Uma pena.

Beijos florzinha