sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Independência ou morte!

Em 1822, o Brasil se tornou independente, bem, em partes. A gente já conhece de cor aquela história de ser pau mandado de Portugal, depois da Inglaterra e depois de qualquer país mais rico que a gente. Essa data só serve pra ilustrar livros de história e botar um feriado em setembro.

Pois é, dia 7 serviu pra inspirar aquela galera “pra frentex”, em fevereiro de 1922. Os artistas modernistas queriam questionar se o Brasil era realmente independente - claro, não era – mas ao menos criou um movimento bem legal que revelou nomes incríveis como Tarsila do Amaral, Anita Mafalti e Oswald de Andrade. O Oswald, que tem o mesmo sobrenome do companheiro de luta, Mário, uma das grandes cabeças do Modernismo, é um cara incrível, que pouquíssimos brasileiros conhecem. Quem gosta de Tropicalismo, sabe que foram seus integrantes que tentaram reavivar Oswald com a peça O Rei da Vela, mas isso é uma outra história....

Voltando... Hoje é dia 7 de setembro de 2007, e em Brasília são 9 horas da manhã. A Esplanada dos Ministérios é um mar de gente, e eu estou lá, perdida, batendo umas fotos.

Crianças, várias, com bandeiras, blusas, bonés – aquele tanto de coisa cheirando a poeira de Copa do Mundo passada. Alguns adultos usam seus acessórios patrióticos também. Militares, civis, tudo lá orgulhosos de serem brasileiros, insistentes e persistentes, ao menos hoje.

Fiquei pensando de onde tiram tanta disposição pra ver esse desfile, nesse Sol quente, nessa secura sem fim. Eu, em 20 anos, me recusei veementemente em ir a esses desfiles; minha mãe acha lindo bater palma pra militar e ver os aviões fazendo “vrumm, trumm...ahhh” – segundo a mesma -, ela é ingênua demais eu acho. Tão ingênua quanto aqueles milhares na capital e no país. Quantas pessoas foram comemorar a liberdade dessa pátria presa? Desse país pobre? Desses líderes de meia-tigela?

Somos um povo fervoroso demais: Brasil bate sem dó todo dia na nossa cara, mas de noite nos contempla na certeza de um não-terremoto, tsunami, vulcão e etc.. Nos apavora com suas balas perdidas, com sua fome, com seu anafalbetismo; mas nos consola com seu carnaval, com seus santos e com esse sorriso, que só tem que vive aqui.

Mas a fé faz parte do contexto e tem um pessoal lá, balançando bandeirinha e se emocionando com os aviões dando rasante da Catedral. Eu quis chorar vendo aquele povo tão feliz. Talvez estejam comemorando a luta de permanecer. Mas é duro de esquecer :são 185 anos de prisão, com vista pro mar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sei lá... esse esquema de tanques andando pelas ruas, sempre me deixou incomodado. O esquema é fugir e buscar um pouco de ópio visual em qualquer local que parecer distinto.
Mas continuo apostando fielmente na Morte.

P.s: E morando aqui, nem vista para o mar temos.

Mah disse...

A vista pro mar é metafórica. É viver assim, nesse sofrimento, mas rodeados de belezas típicas da Mata Atlântica [capenga, do Cerrado [fervoroso], Amazônica [resistente] e assim por diante...