terça-feira, 27 de novembro de 2007

Fim do Festival



A 40ª edição do Festival de Brasília de Cinema Brasileiro acabou. Filmes cabeças, incompreensíveis ou pura besteira mesmo agora só ano que vem. Bati meu recorde: só não fui na sexta e na segunda [na segunda por puro cansaço].

O Festival é um barato: tem a tribo da chinela rasteira [a fauna mais típica do local], as deslocadas com bolsa platinada...Tem a galera que empacou no tempo e acha que tá nos anos 80.... E um monte de desconhecidos com rostos familiares. Mas Brasília é assim mesmo...Minha pequena ilha quadrada no meio do Goiás, com gente que não conhece rua de paralelepípedo.

Mas também sempre tem o pessoalzinho efusivo demais: sorrisos, gritos, aplausos, tudo em demasiado. Um saco.

Além disso, rola a parte que tem que sentar no chão pra ver o filme, levar uns chutes, querer esganar o pessoal que fica zanzando durante os filmes e ver gente famosa. Tudo incluso no pacote do Festival.

Mas vamos aos comentários, porque é isso que interessa. [infelizmente somente da Mostra Competitiva...]

21 - Quarta-feira
Um ridículo em Amsterdã [de Diego Gozze, 13 min, SP]: Não gostei, achei disperso demais o falso documentário produzido.

Espalhadas pelo ar [de Vera Egito, 15 min, SP ]: O Projeto de Conclusão de Curso da aluna da USP me encantou. Uns dos melhores curtas ao meu ver. Sensível, delicado, como toda transformação feminina.

Amigos de risco [de Daniel Bandeira, 88 min, PE]: O filme criado com magros R$ 200 mil, encantou a platéia do Cine Brasília. Até que ponto agüentamos as pressões? Quem são as pessoas ao nosso redor? Como as amizades são solidificadas. Amigos de risco em um certo momento cansa pela longa saga dos protagonistas, mas vale a pena, sem dúvida.

22 - Quinta- feira

Café com leite [de Daniel Ribeiro, 18 min, SP] : Não conto a sinopse do filme se não perde toda a graça. Mas a frase do filme resume tudo: “É difícil se acostumar quando as coisas mudam. Mas depois...ah depois sei lá.”

Décimo segundo [de Leonardo Lacca, 20 min, PE]: Com o mesmo protagonista de Amigos de Risco (Irandhir Santos, ganhador do troféu de ator coadjuvante do Festival do ano passado, com Baixio das Bestas) causou vaias e aplausos na sessão de 20h30. Acho que o pessoal não entendeu. Décimo segundo é assim mesmo: desconfortante.

Meu mundo em perigo [de José Eduardo Belmonte, 92 min, DF]: O cineasta formado em cinema pela UnB , e que trabalhou com Nelson Pereira dos Santos (!!!), me fez sentir um nó na garganta com Elias e seu mundo em pedaços.

23 – Sexta-feira

O presidente dos Estados Unidos [de Camilo Cavalcante, 23 min, PE].
Uma [de Nara Riella, 13 min, DF].
Cleópatra [de Júlio Bressane, 116 min, RJ].

Como havia dito não fui na sexta. Mas as fofocas que ouvi foram que todos os filmes desse dia foram chatos. O do Bressane era o mais aguardado e foi o mais detonado no saguão do Cine Brasília....

24 – Sábado

Enciclopédia do inusitado e do irracional [de Cibele Amaral, 17 min, DF]: o melhor do dia. O curta inspirado nos filmes de terror dos anos 20, deixou todo mundo em casa. A base das gravações foi na biblioteca da UnB.

Trópico das cabras [de Fernando Coimbra, 23 min, SP]: Achei confusa a viagem do argentino [brasileiro?!] no seu Chevette 79 ...

Falsa loira
[de Carlos Reichenbach, 101 min, SP]: É do mesmo diretor de Garotas do ABC. Não entendi lhufas, mas valeu pelas risadas com Maurício Mattar, Cauã Reymond e Rosanne Mulholland [que também faz parte do elenco do filme do Belomnte].

25 – Domingo

Tarabatara [de Julia Zakia, 23 min, SP]: Está no Top Curtas pra mim também. A fotografia arrasou.

Eu sou assim – Wilson Batista [de Luiz Guimarães de Castro, 16 min, RJ]: Pra quem gosta de samba um prato cheio. Maurício Tizumba é Wilson Batista, sambista carioca de primeira linha, que na ficção, escreve suas memórias e relembra aventuras vividas na década de 50. Merece nota 10 da mesma maneira que o filme Noel – Poeta da Vila. Noel e Wilson protagonizaram uma polêmica famosa, geradora de sambas inesquecíveis como Rapaz Folgado, Lenço no Pescoço e Palpite Infeliz.

Chega de Saudade [de Laís Bodansky, 92 min, SP]: Sempre vai ter um pra dizer “ahh, mas é Globo Filmes né?”. E daí? Globo Filmes ou não foi lindo. Conta com um elenco estrelar, mas vale a pena mesmo pela lição de vida dada e pelos convidados especiais. Elza Soares e Marku Ribas representaram muito bem a trilha sonora assinada por Bid, que não recebeu o número de palmas devidas. Sabe Mandingueira? Que a Elza canta..o clipe tem o seu Jorge e a Fernanda Lima? Então a música é dele!

26 – Segunda

Busólogos [de Cristina G. Muller, 12 min , SP].
Eu personagem [de Zepedro Gollo, 16 min, DF].
Anabazys [de Paloma Rocha e Joel Pizinni, 90 min, RJ].

A preguiça me fez perder Glauber Rocha na telona. Dizem que foi bacana.

.........

Acho importante de dizer que todas as críticas [positivas e negativas] são subjetivas ao extremo e não podemos jogar fora o trabalho de meses e anos desses cineastas. Esculachar o trabalho do alheio é fácil e se chegaram ao Festival foi por algum motivo.

Mas era só isso mesmo, até o próximo.

*Imagem: Google

Um comentário:

Salve Jorge disse...

Deixa de perguiça mulher.. e ano que vem vamos a todos, que no fim, o saldo mais positivo do festival foi conhecer vossa excelência..