sábado, 3 de novembro de 2007

"Brilha uma estrela"

Vou fechar a trilogia cinematográfica aqui no blog com um documentário: Peões de Eduardo Coutinho.

Eduardo Coutinho é um cineasta das antigas e ficou conhecido com Cabra Marcado pra Morrer. Assisti dele Babilônia 2000 e é fenomenal.

Coutinho utiliza a mesma abordagem de Babilônia em Peões. Perguntas feitas pelo diretor, praticamente em off, com a câmera atenta nos entrevistados. O suor, o riso, o olhar desconfiado... Nada fica de fora.

Peões mostra os metalúrgicos, companheiros de Lula, em 2002, ano da eleição e primeira vitória esquerda. Dói, dói tanto ver a fé de um povo que acredita na política e na revolução. As coisas cresceram demais e perderam a dimensão.

Homens e mulheres marcados pelas demissões nos anos 80, um mar de gente que acreditava [e acredita] na estrela vermelha. Uma mulher chega a dizer: "Ainda vou fazer um café pro meu presidente, lá em Brasília. Lula é meu pai, meu irmão meu tudo". Assutador.

Aí me pergunto cadê aquele cara de barba mal-feita, fumante, espontâneo, popular. A ideologia de Lula se perdeu, quando em 2003, ele recebeu a faixa no Planalto. Ele tinha que mudar sim, mas será que tanto? Será que tinha que ser assim? Não sei.

Não sei disso e não entendo como tanta gente pode agradecer a Wolks mesmo depois das demissões. Coutinho fez um documentário pra deixar a boca aberta e a mente pensante.

Em um determinado momento, uma das entrevistadas diz que sua parte predileta do hino é: "verás que um filho teu não foge a luta", e que Lula seria a representação desse trecho do hino.

Eu não entendo.

3 comentários:

Marjorie Chaves disse...

É melhor não querer entender... o entendimento às vezes entristece.

Gostei das dicas!

Beijos.

Salve Jorge disse...

É que o saber não foi feito pra compreender, mas sim pra cortar.. já diria Foucault...
E irá conhecer.. aguarde e confie...

Marjorie Chaves disse...

Ah que bom saber que ainda guarda algo meu daqueles anos! Juro que não me lembro que desenho é este... mas saiba que isto é muito gratificante, nunca mais desenhei.

Eu também tenho algo que você escreveu... e é disto que falo. Como posso me desfazer de tais coisas?

=]