segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Parte 4 - Cochabamba


Santa Cruz à Cochabamba
Uma miséria compartilhada


Se eu estava achando o Trem da Morte ruim era porque eu não tinha visto nada ainda. Nesse caminho que deveria ter sido o tranqüilo, afinal é só uma estrada, foi o mais tenso de todos. Pegamos um ônibus que apelidamos de “O Ônibus da morte”, porque ele era muito³ pior que o Trem da Morte.

A começar pela própria estrutura: o tal do ônibus não tinha banheiro. Agora me explica, como eu faço esse trajeto – de mais de 12 horas – sem banheiro? Ah, isso porque ainda tinha a parada pro “almoço”. Simbólico, como qualquer outra coisa na Bolívia.

Pense num lugar sujo, agora pense num lugar que cheira a urina, agora pega isso e misture com um lugar em que as pessoas botam a comida no prato com a mão. Justamente. Era assim lá. Foi a experiência mais louca minha vida, pois ao mesmo tempo que era desesperador ver tanta miséria espalhada, era aliviador pensar na minha situação.

Todos os dias aqui no Brasil eu via a pobreza, mas lá na Bolívia era diferente: eu compartilhava da pobreza. Eu tava ali, como qualquer outro, só uma opção de almoço, mas ainda sim eu estava em vantagem: tinha o luxo de ter cream creaker e pode pagar por uma coca-cola. Loucura. Experiências.

Cochabamba
A cidade de nome engraçado

Cochabamba tem um nome engraçado e é a terceira maior cidade boliviana. Tem um Cristo (de la Concórdia) quatro metros mais alto que o nosso, e que foi construído pela Petrobrás. Lá de cima (da base do Cristo mesmo) é possível ver a cidade, bem pequeninha.

A cidade também tem uma feira super-bacana com vários produtos artesanais, onde a gente fez a festa. Ponchos, casacos típicos, mantas e touquinhas fizeram parte dos nossos achados.

Agora um Momento História – Foi em Cochabamba em que nasceu o famoso Simon I. Patiño. É, talvez você nunca tenha escutado esse nome, mas sem dúvida já ouviu falar no Tio Patinhas. Pois é, foi esse boliviano, magnata do estanho, que inspirou Walt Disney para criar seu milionário personagem. Patiño veio de uma família humilde, mas depois de encontrar estanho em terras que possuía, se tornou um dos homens mais ricos do mundo. Riqueza que pode ser vista em sua casa, que hoje é a Fundação Simon I. Patiño. As fotos dentro da casa são proibidas, por isso vale a pena “perder” um tempinho e conhecer esse pedaço da história.



próximo capítulo: o árido percurso entre Cochabamba e La Paz
*imagem 1: sheyla. imagem 2: maíra brito

2 comentários:

Salve Jorge disse...

Mesmo com a miséria
Tem tanta história
QUe eu acho um vitória
Ficar vendo você puxando da memória
Cada detalhe
Cada pormenor
Privilégio raro
E vai ficando cada vez melhor...

Anônimo disse...

que bacana esse artigo Maíra!

=D

Continue, esta muito bom !

beijos!