sexta-feira, 27 de junho de 2008

Suporte

Ela me acorda com aquele beijo cotidiano, cheirando a café. Odeio café, mas por ela, suporto o amargor misturado com o enjoativo.

Ela liga o som e coloca Chico Buarque. Não sei o que mais me desespera: a voz dele ou a repetição da Rita. É.. ela levou tudo do cara; devia ter levado o som também, assim, não me torturaria tanto. Odeio o Chico, mas por ela, ouviria a mais desafinada melodia.

Ela sempre compra comida natural. Insossa.
Sempre caminha no parque aos domingos. Desgastante.
Sempre lê Milan Kundera. Leve demais.
Sempre deixa os sapatos na porta. Demasiado ritualístico.

Odeio tudo isso, mas por ela, suportaria qualquer coisa.

3 comentários:

Eduardo Ferreira disse...

maíra é demais... demora um século para a gente sentir saudades e nos mata com um texto assim, cotidianamente lindo.

curti

Salve Jorge disse...

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode
E como sacode
Quase me erode
Porque ela tudo pode
Comigo
Nesse abrigo
E eu nunca ligo
Quando ela sobre mim rola
Bota um som na vitrola
E a gente se embola
E fica forte
Ela é suporte
Minha sorte...

Anônimo disse...

Exatamente assim.