terça-feira, 3 de junho de 2008

Malandragem de amor

"Eu fui fazer um samba em homenagem
à nata da malandragem,
que conheço de outros carnavais.
Eu fui à Lapa e perdi a viagem,
que aquela tal malandragem
não existe mais..."

Homenagem ao malandro - Chico Buarque


E assim começava o sambinha do Chico, no mesmo lugar de sempre, cheio de rostos novos e desconhecidos, e com uma saudade ferrenha, abafada pelo som do surdo.

Ainda posso me arrepiar lembrando da dança no salão. Uma noite fria, de algum mês perdido no tempo e na lembrança de tanto lembrar. Naquela época, nem sabia das malandragens de amor, muito menos dos delitos que cometem nos corações.

O amor chega assim: com um olhar atento, cheio de colares no peito, com a blusa aberta aparecendo os pêlos; de calça branca, acompanhada por sapatos da mesma cor. O bigode, impecável, como a blusa bem passada listrada.

O amor bebe cerveja gelada, mas não dispensa uma cachaça. Tá sempre com um cigarro na mão, na outra violão.

O amor te pega pela cintura e rodopia por todo salão, cheira o cangote e te lasca um beijo. Daqueles de cinema ou de música dor de cotovelo.

A noite cai e o Sol se levanta preguiçoso, levando o amor e suas malandragens, dando espaço para a saudade, chorar as mazelas nas cordas de um violão.

4 comentários:

Eduardo Ferreira disse...

:~
mah é cheia dos textos finos...

bonito demais nega.

Marjorie Chaves disse...

O amor... samba enredo de muitas vidas. Inclusive da minha! Foram várias vezes o mesmo tema. E continua.

Beijos

Salve Jorge disse...

Amor malandro
Cheio de meandro
Já chega versando
Vai nos levando
Envolvente
E há quem tente
Resistir
Apenas para desistir
Na boca do precipício
Amor malandro é um vício
E se não escapou no início
Agora fica difícil
Pela porta sair
È sempre ele que sai
E a gente que fica
Com um peito que se esvai
E uma dor que repica...

Gustavo disse...

Pow, li esse texto e me deu saudade da minha neguinha.