sexta-feira, 30 de maio de 2008

Viagens em sonhos

Outro dia vi um senhor que me chamou a atenção. Era sua cor que gritava. Silenciosamente ela me prendia. O senhor era preto. Retinto, como diria minha mãe. A pele contrastava com os cabelos cor de neve e com o cavanhaque mesclado, como um sorvete de flocos.

Fazia frio e esse senhor se encolhia todo, quando li em cima da mesa: "O último vôo do flamingo". Seria ele de Moçambique? Ou lia Mia Couto pelo simples gosto da literatura?

A mulher da palestra falava sem parar e sutilmente fui caindo no sono até chegar em sonhos.

Em espanhol sono e sonho possuem a mesma grafia, e assim, meu sonho se confundia em sonhos, como los hermanitos do outro lado do oceano.

Nos sonhos via vários livros e letras, e assim pensei na ponte de ligação do meu idioma com o do senhor contrastante. Com português daqui ou de lá, nos comunicaríamos do mesmo jeito, com palavras grafadas, viajando barcos em impressos, chamados livros.

Um comentário:

Eduardo Ferreira disse...

barcos impressos... velejamos nessa linda metáfora minha cara.