quarta-feira, 21 de maio de 2008

Final feliz

Quando a conheci, ela devia ter uns vinte e poucos anos, e mesmo com aquela idade, eu daria 18, de tão pequena e frágil que parecia. Cabelos crespos e curtos, olhos puxados e oblíquos. Pouco me recordo do passado, mas bem sei dizer do presente.

Do pouco que sei, sei que ela foi marcada por muitos desamores, dores intensas, feridas abertas, custosas de cicatrizar. A amargura já havia enchido seu peito e seu sorriso nem lembrança era.

Até uma viagem. Ali, do outro lado do continente, existia um homem alvo, com olhos cor de oceano que a esperava sem saber. A partir daqui contaria uma história de amor que cruzou tempos e mares e culminou no fim.

As ciladas do destino a trouxeram para sua terra, deixando mais desesperança e dor, em um coração tão moribundo, que só queria paz.

Há um tempo atrás eu a vi, e mal sabia que seria a última vez. Com um olhar saudoso e aflito, ela estava do lado de uma mala ainda aberta, talvez na espera de levar mais lembranças quando partisse. Há pouco soube que ela se casou um uma cidadezinha do interior da Europa, com aquele homem de olhos de bolinhas de gude. Todas as dores têm finais felizes.

Um comentário:

Eduardo Ferreira disse...

adoro a sabedoria daqueles que enxergam suas obras por completa.

lindo demais mah, de encher os olhos.