terça-feira, 1 de abril de 2008

Uma questão de fé II

A mulher negra de ancas largas abre a bolsa e de lá retira um crucifixo. Com uma mão ela segura forte a cruz e com a outra me toca. Ela começa a orar em línguas e penso “quanta gente nem sabe o que é isso”, e suas mãos gordinhas começam a me esquentar. A voz vai subindo e continuo a pensar sobre a dimensão da fé de cada um e a sorte de compreender o metafísico. “Feliz é aquele que crê no que não vê”, eu penso. Pode ser em Deus, em deuses, em santos, anjos, fadinhas, orixás ou duendes. A fé não se compra, nem se impõe, se adquire. Eu tenho fé. Acredito em diversas coisas como na oração que aquela mulher iluminada faz. Sua mão esquenta mais e mais. Para quem crê é o Espírito Santo agido.

3 comentários:

Salve Jorge disse...


Na mulher negra
Numa manhã que alegra
Numa loucura sem regra
Em seguir a pé
Com mochila nas costas
Fé em se fazer o que gosta
Em pedir ajuda
Em ter quem nos acuda
Numa certeza muda
Na lida
Que leva a vida
Fé na flor preferida
No Mengão campeão
Num samba canção
Nos orixás abençoados
No dinheiro suado
Num cântico gregoriano
Num velhinho tocando piano
Fé até quando se entra pelo cano
Ou se discute com um hermano
Fé em seguir com o plano
Fé em romper a ordem
Fé que me organizando
Eu posso desorganizar
Fé no ar
Fé em por onde ando
Fé nesse céu
Nesse mar...

P.s - Fé na amiga sábia de ter fé...

Eduardo Ferreira disse...

Nunca acredittei em Deus, Deuses, Santos, Orixás ou quaisquer outras Entidades.
Sou e sempre serei fascinado por seus simbólos e imagens.
Vi uma menina loira estrangeira dançando e girando, junto com pequenas negrinhas na igreja de São Jorge no Rio. No mesmo lugar havia, cristão, umbandas e talvez um ateu.
Não creio em Deuses, mas não duvido da fé.

Gabriela Brasil disse...

Andar com fé eu vou...