domingo, 28 de dezembro de 2008

“Este Rio de amor que se perdeu...”

Minha relação com o Rio de Janeiro é inexplicável. Uma vez me disseram que eu tenho um caso de amor com ele... é...acho que ele é meu amante.

Porque relacionamento sério, de papel passado é com Brasília. Minha cidade querida, de origem e pra sempre. Se eu for embora, eu vou ter que voltar; só porque é Brasília.

Mas e o Rio? É a minha utopia, meu desvio, minha fuga. Um lugar só meu e de todos. Rara e clichê. Viva e colorida.

Sem os concretos típicos da capital me perco pelos paralelepípedos branco e preto, cheios de areia. Sem a terra vermelha me deixo levar pela maresia insistente. Sem o silêncio de domingo ensurdeço com os ecos de "Sssskol gelada", "Bisssscoito Grobo" ou "Olha o mateee". Adoro.

O Rio se revelou pra mim por meio dos livros. Como boa navegante, viajo por aí... no mar de palavras. Tudo começou quando chegou a minhas mãos “Noites tropicais” de Nelson Motta.

A história da música brasileira, pra mim, era tudo aquilo que eu queria ter vivido, visto e sentindo - a mesma sensação que tive ao ler “Ao som do mar e à luz do céu profundo”, também do Nelson, “Quase tudo”, da Danuza Leão e os tantos livros do Ruy Castro. Mesmo (nem sempre) não falando de música, eles me mostraram aquele Rio preto e branco, com menos violência, com mais malandragem do bem, um Rio perdido nos meus pensamentos e tão próximo, que me arrepia só em lembrar.

Tudo o que eu não vivi no Rio é tudo do que eu sinto falta. E tudo o que vivi é o que me chama de volta, sempre. É o sebo, ali, no Bairro Peixoto; é o ar-condicionado, amolecendo o corpo recém saído do sol; é a Lapa ansiosa, com seus arcos abertos para todo mundo, com todos os cheiros, gostos e cores; é o mercadinho perto do metrô; a padaria da esquina; a pastelaria coreana; as lojas de suco...

Se não, é a Praça General Osório, fim da linha do ônibus, a minha lembrança do Bar Jangadeiro, dos tempos de Banda de Ipanema e de Hugo Bidet, que eu nunca vi, só ouvir falar...

Cada canto conta uma história, mas todas, no fim, falam do mesmo: saudade. E é por isso eu tô voltando, pra buscar, o que no fundo, também é pouco meu.

6 comentários:

Amanda Carvalho disse...

Nossa Mah! gostoso ler o post! Até eu fiquei com vontade de ir pro Rio! Fui lá uma vez e não gostei.. longaa história essa... tenho que ir com alguém que nem vc! que conhece e saberá me apresentar coisas boas da Cidade Maravilhosa! Boa viagem querida e um 2009 repleto de realizações!!! Se cuida bjs =***

Eduardo Ferreira disse...

Rio... ô meu Rio. Receba bem esses que me são tão caros. na verdade comentar isso é dar descrédito, essa cidade sabe apaixonar tão bem, quanto um olhar maroto.

rs... não é neguinha?

Gabriela Brasil disse...

O Rio nunca vai deixar de ser lindo.

Feliz 2009! :*

Salve Jorge disse...

Eu tava pelo Rio
Essa terra de doces desvarios
De corações vadios
E de biscoito grobo
Saboroso desvio
De quem não é bobo
Sempre cabe arremate
E um mate
Além dos botecos
Dos repetecos
Dos sambas
Tanta roda de bamba
Pra se brindar com o caneco...

Marjorie Chaves disse...

Adoro esses casos de amor. Esse amor que não pertence a gente, que pertence à um espaço no mundo. Posso dizer que Rio está para você como São Paulo está para mim, mas não tenho mais um diário/blog para dividir as sensações extra-sensoriais que tenho ao pisar na terra roxa.

Feliz, muito feliz 2009!

Beijos

Amanda Carvalho disse...

Amiga cadê textos novos? Tô sedenta por seus posts!!! =)