tag:blogger.com,1999:blog-44398575590530241292024-02-07T04:27:47.078-02:00Palavras em NegritoMahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.comBlogger169125tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-299067479436015932009-09-07T10:40:00.000-02:002009-09-07T10:41:06.614-02:00Todas as dores do mundoQuando cheguei a encontrei com o rosto deformando, de tanto chorar. Os olhos encharcados e vermelhos, com lágrimas de sangue, <strong>pediam socorro</strong>, como um náufrago em alto-mar.<br /><br />A madrugada muda, acostumada a só ouvir, passou a chorar também, bem caladinha, compartilhando a dor e angústia com Ela. Não era a primeira vez, mas tinha ânsia que fosse a última. Não suportaria mais outros <strong>travesseiros encharcados</strong>.<br /><br />Ela não dizia nada. Só o corpo que lentamente ia perdendo força, até cair no sono. Enquanto Ela dormia, passei a chorar também, pensando no tanto de mágoa que a pequena carregava.<br /><br /><strong>Dores suas, alheias, passadas e futuras.</strong> Todas as dores do mundo estavam lá, mesmo com aquele sorriso branco, preenchido de esperança.Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-84911081813243665602009-08-27T19:15:00.004-02:002009-08-27T19:23:04.392-02:00poesia par(t)ida<strong>Pa</strong>rte<br />Re<strong>pa</strong>rte<br /><strong>Pe</strong>daços<br /><strong>Par</strong>tículas<br /><strong>Pe</strong>quenas<br /><strong>Pe</strong>rdidas<br /><strong>Pe</strong>las <strong>pon</strong>tas<br /><strong>Pe</strong>la <strong>pai</strong>sagem<br /><strong>Pe</strong>la <strong>pas</strong>sagem<br /><strong>Pe</strong>lo <strong>pas</strong>sado<br /><strong>Pós</strong>tumo<br /><strong>Pe</strong>lo <strong>pre</strong>sente<br /><strong>Pe</strong>rene<br /><strong>Pa</strong>ra <strong>pen</strong>sar<br /><strong>Par</strong>tilhar<br /><strong>Par</strong>a <strong>per</strong>manecer<br /><strong>Per</strong>tencer<br />Ou só para <strong>per</strong>der.Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-81867166742417535962009-08-23T10:37:00.002-02:002009-08-23T10:41:48.889-02:00O mundo em livrosUma das melhores coisas que adquiri no curso de jornalismo foi o gosto por<strong> literatura do mundo</strong>. A brasileira é fantástica, rica e diversificada como qualquer outra expressão cultural nossa, mas há certas coisas que só o outro lado pode contar. Sem vícios, hábitos e bossas, bem <strong>coisas nossas</strong>.<br /><br />Começo por Xinran, autora de <em><strong>Enterro celestial</strong></em> e <em><strong>As boas mulheres da China</strong></em>. Neste último, a jornalista chinesa dribla a dor em ser mulher em um país marcado pelo silêncio com situações inusitadas, como pintar somente uma unha de vermelho ou borrar o batom de propósito. Dessa maneira, ela chamava a atenção e as pessoas puxavam assunto com ela. Ao longo das conversas, ela trazia à tona tradições cruéis, discriminação e dor que muitas mulheres sofriam e que ainda sofrem.<br /><br />Ao ler as perturbações físicas e psicológicas que aquelas mulheres passavam o coração dói.<br /><br />Xinran veio ao Brasil neste ano para participar da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) e deixou com mais vontade de conhecê-la. <strong>Merece ser lida e ouvida</strong>.<br /><br /><strong>Milan Kundera</strong> é uma das melhores heranças literárias que o leste europeu nos deixou. Milan continua vivo, mas a inspiração de algumas de suas obras já passou. O tempo de uma Europa divida já passou. Apesar de alguns preconceitos ainda serem latentes, a comunidade europeia (em outros aspectos) está mais avançada do que o Mercosul e o próprio Brasil.<br /><br />O autor tcheco escreveu belas obras como <em><strong>Risíveis amores</strong></em> (1969), O<em> livro do riso e do esquecimento</em> (1978) e <em>Os testamentos traídos</em> (1993), mas, definitivamente, <strong>A insustentável leveza do</strong> <strong>ser</strong> (1983) é o seu melhor livro.<br /><br />A leveza e o peso, o amor e a compaixão e outros pólos nem tão opostos assim são a força motriz do enredo. Os encontros e desencontros de Tomas, Tereza, Sabine e Franz me fizeram pensar muito sobre os relacionamentos que tive. Esse papo pode soar como auto-ajuda, mas saiba, não é não. Com cenário histórico (a Primavera de Praga), Kundera traz <strong>ficção, romance e filosofia</strong> de uma vez só. Vale a pena ler. (Ver já não me responsabilizo. Há um filme com o mesmo nome do livro. Nunca vi, mas para quem ficou interessado, a direção é de Philip Kaufman).<br /><br />De uns 5 anos para cá, apareceu a moda do oriente médio. <em><strong>O livreiro de Cabul</strong></em>, <em>Eu sou o livreiro de Cabul</em> (a contestação do primeiro), <em><strong>O caçador de pipas</strong></em> e uma lista interminável. Talvez a fórmula tenha se esvaziado ou o mote (ações do governo Bush) tenha acabado. Mas uma coisa inegável é que a abertura das cortinas serviu para abrir os olhos. Uma outra cultura totalmente diferente da ocidental existe e deve ser respeitada. Não há certo, nem errado, só o <strong>diferente</strong>.<br /><br />Agora literatura africana. Ainda muito em moda também com uma série de título que falam principalmente sobre guerra. Mas há um autor que soube falar sobre esse tema sem soar clichê ou inconveniente.<br /><br /><strong>Mia Couto</strong> é um biólogo apaixonado pelas palavras. O autor de <em>Vozes anoitecidas</em>, <em>O</em> f<em>io das missangas</em> e <em>O outro pé da sereia</em> se superou em <em><strong>Terra sonâmbula</strong></em>, meu livro predileto dele.<br /><br />Não me canso de ler a história do miúdo <strong>Muidinga</strong> e do velho <strong>Tuahir</strong>. A fuga da guerra por meio dos misteriosos cadernos de Kindzu traz a história e a cultura do Moçambique. E são por esses escritos de Mia que eu descobri um continente lindo, cheio de cor e vida, longe dos clichês bélicos.<br /><br />Mia Couto me apresentou com um novo olhar coisas que existem<strong> há tempos</strong>. Convido todos para a mesma <strong>viagem</strong>.Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-11732100224079432892009-08-08T18:36:00.002-02:002009-08-08T18:44:10.432-02:00Música pra pular pernambucana (MPPP)<em><span style="font-size:85%;color:#333333;">Quero voltar a escrever mais, contudo, confesso: blog enche o saco. Por mais que as pessoas escrevam bem, elas se tornam repetitivas. Um texto bom aqui, outro ali, mas a fórmula permanece a mesma. Fato. Quero tentar fugir da minha fórmula e espero conseguir. Será uma tentativa distribuída em alguns textos com temáticas variadas: música literatura, cinema, ficção...Vamos ver no que dá. Mãos à obra!</span></em><br /><br /><strong>Música</strong> (neste caso, pernambucana)<br /><br />Não sou uma expert em <strong>Chico Science, Nação Zumbi, Mundolivre S/A</strong>, mas sei que eles são expoentes do movimento Mangue Beat* que influenciou gerações de todos os cantos do país. Assim, é impossível falar de música sem citar a tendência que nasceu (e morreu?) na década de 1990. Eu particularmente não creio que ele esteja morto. Está vivíssimo e se reproduz involuntariamente em cada nova banda pernambucana que surge.<br /><br />E esses grupos estão conquistando o país, e claro, Brasília. Outro dia escrevi um texto sobre a Orquestra Contemporânea de Olinda que ganhou o título de <em>Brasília, nação pernambucana</em> (valeu Yale!). Melhor impossível, já que a cada dia que passa o quadradinho no meio de Góais <strong>ganha novas cores, formas e parece ganhar um novo sotaque</strong>.<br /><br /><strong>Orquestra Contemporânea de Olinda, Mombojó, China, banda Eddie, Cordel do Fogo Encantado</strong>, e outros tantos. Eles chegaram aqui até desconhecidos, como a<strong> Catarina Dee Jah</strong>, mas ganham o público com os acrodes bem elaborados e claro, com a batida única criada por Science.<br /><br />Por exemplo? <strong>Mombojó</strong>. Os meninos de classe média era sete, hoje são cinco, mas continuam produzindo um som facilmente classificável de world music. Música do mundo? Não... Música do mundo é muita coisa. Não que não sejam muito, mas vão além, são específicos.<br /><br />Escuto o quinteto e reconheço facilmente <strong>Los Hermanos, Tom Jobim, Nação...</strong>Rock? Sim. Bossa nova? Sim. Surf music ? Sim, Mombojó é um caldeirão de influências que reflete o clichê da globalização do século 21. A mistura deu certo, não há como negar.<br /><br />Outra mescla bem sucedida é a Orquestra Contemporânea de Olinda que juntou a nova e a velha guarda do cenário musical olindense para fazer o melhor. Comparados ao grupo cubano Buena <strong>Vista Social Club</strong>, a big band brasileira (são 10 integrantes!) resgata músicos pernambucanos e dá visibilidade a eles. <em>Canto da sereia</em> é de Osvaldo Nunes, famoso na década de 1960, 1970.<br /><br />Voltando um pouquinho ao Mombojó. Os quatro integrantes da banda, junto com o China (outro cantor muito bom lá da terrinha) criaram uma banda chamada <strong>Del Rey</strong>. O nome faz homenagem ao rei Roberto Carlos. Genial. Até em cover os caras são bons. Neste ano de comemoração de meio século (só de carreira) de RC é uma boa conhecer o trabalho do cantor de Cachoeiro de Itapemirim com um sotaque diferente. Será uma surpresa para o pessoal que acha que RC só tem música dor de cotovelo.<br /><br />Para completar a lista tem<strong> Bonsucesso Samba Clube, Mestre Ambrósio (que tinha Siba na sua formação, quem criou outra banda superbacana: Siba e a Fuloresta), Academia da Berlinda, Buguinha Dub</strong>, enfim, muita gente fazendo somdubom. Seja com samba, com rock, maracatu, guitarras, pífanos e rabecas.<br /><br />Tudo isso mostra parte da produção diversificada feita no estado.<br /><br /><strong>O baile não pode parar</strong>, como diriam lá.<br /><br /><br /><em><span style="font-size:85%;color:#333333;">*Manguebeat (também grafado como manguebit ou mangue beat) é um movimento musical que surgiu no Brasil na década de 90 em Recife que mistura ritmos regionais com rock, hip hop, maracatu e música eletrônica. (fonte wikipédia)</span></em>Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-56438863052048506642009-07-28T20:23:00.002-02:002009-07-28T20:31:09.058-02:00Do parto eu partiPartida em <span style="font-weight: bold;">pedaços</span>, me procuro e não me acho. Tô espalhada por caí em cacos, tentando achar meu espaço. O futuro chegou e com ele um <span style="font-weight: bold;">frio </span>na barriga. Muita coisa deu certo até agora e depois? Os <span style="font-weight: bold;">ares </span>continuarão fluindo?<br /><br />Parto para um novo <span style="font-weight: bold;">ponto</span>. Em breve, não agora. Os passos....Ah o <span style="font-weight: bold;">caminho</span>. É ele que conta e não o destino, diria Mia, minha eterna inspiração. Ele e outros tantos são partes desses pedaços espalhados por aí. Peças do <span style="font-weight: bold;">quebra-cabeça </span>da vida.<br /><br />Eu sonhei muito e cheguei a ter um <span style="font-weight: bold;">tempo da</span> <span style="font-weight: bold;">utopia</span>. Naquele momento eu jurava que mudaria o mundo. Era e eu mais nove. Éramos os dez mais. Hoje...não sei o que somos. Somos dez em cantos distintos. No mar, no sertão. No ar, com os pés fincados no chão. Nossos desejos se transformaram da mesma maneira que nossos rostos, nossa <span style="font-weight: bold;">trilha </span>e nossa esperança.<br /><br />Ainda acho que posso mudar, tenho aspirações que podem ser possíveis com garra e fé. O mundo <span style="font-weight: bold;">real </span>está de portas abertas e com um outdoor na porta dizendo “entre e seja bem-vindo”.<br /><br />Vou nascer de novo, com o mesmo corpo, mas com olhos e coração mais <span style="font-weight: bold;">atentos</span>. Em busca de luzes e sons mais <span style="font-weight: bold;">doces </span>capazes de tirar toda a angústia de ver o futuro bem aí e não saber o que fazer com ele.Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-90306473011022315192009-07-24T10:58:00.000-02:002009-07-24T11:01:11.107-02:00Histórias do asfaltoO asfalto de Brasília conta <strong>histórias</strong>. A primeira delas é o descaso da política na cidade. O descaso dos políticos, reitero. Vivo em um local em que os pobres votam errado pela esperança e os ricos pela pilantragem. Me entristeço, me revolto.<br /><br />A raiva vem com mais força quando <strong>me sinto em alto-mar</strong> em pleno Eixo Sul. Pista remendada, sobre e desce, quando não os buracos, capazes de engolir um carro sem grandes esforços.<br /><br />Carros. Eles são as pernas do brasiliense. A bicicleta não aguenta o tranco. Os pés não suportam os quilômetros. O asfalto é o leva e traz, é a <strong>aorta de Brasília</strong>.<br /><br />Outro dia, aqui, do lado de casa, vi sangue no chão. Vi porque sabia do acidente noticiado no jornal. Era uma senhora que ia na farmácia. Não chegou lá. Ela, a mulher com o corpo estirado que fez o Eixão parar e outros tantos narram os atropelamentos do dia a dia. O sangue - para lembrar o cuidado e atenção dobrada - some com o tempo, com a chuva ou se perde pelos pneus dos veículos. A história desaparece e só fica gravada no coração daqueles que perderam um pedaço, irreparável.<br /><br />Uns, mais insistentes, picham o chão, como está a pista na direção norte-sul, na altura da 712 Sul. Um menino de 16 anos não chegou ao colégio. A revolta da perda fez com que um protesto silencioso registrasse a dor em grafite. Está lá, é só parar e ver.<br /><br />E eis porque não vemos: não paramos. Na verdade, nem precisa parar, é só passar com cuidado pelas ruas frias e vazias e ver, no asfalto, prostitutas, meninos de rua e outros à margem. <strong>Existe um rio de piche que vai e vem, mas tome cuidado, para não morrer afogado.<br /></strong>Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-61892571948795424172009-07-22T23:59:00.001-02:002009-07-23T00:00:54.170-02:00Samba, a gente não perde o prazer de cantar...<em>"Eu canto samba porque só assim me sinto contente. Eu vou ao samba porque longe dele não posso viver</em>". Quando <strong>Paulinho da Viola</strong> escreveu essa música ele sabia o que dizia. Vão dizer que o samba acabou, mas só quando o dia clareou.<br /><br />O samba é um negócio inexplicável e não é à toa que tem forte relação com a <strong>religião</strong>. Dizem alguns que o samba era uma maneira de chamar as entidades, e não duvido. Quando o couro do pandeiro come, a cuíca geme e o cavaquinho malandro toca, ahhhh, o samba. Ele toma conta do corpo. <em><strong>Samba, o dono do corpo</strong></em>, escreveu Muniz Sodré. Ele também sabia das coisas.<br /><br />Muita gente sabe muita coisa, mas o que eu sei é sobre o sentimento que o gênero carrega. Não sei. Rio loucamente quando o som vai alto, penetra nas entranhas e me sacode... E choro quando ele suavemente acaricia meu rosto, trazendo lembranças e melancolias que, muitas vezes, insiste em existir.<br /><br />Gosto do samba apesar de às vezes achar que ele se perde. Perde na cerveja em excesso, no papo em demasia, na saudade desenfreada. Gosto dele assim, nu e cru, do jeitinho que veio ao mundo.<br /><br />Prefiro em doses cavalares: noites e noites ouvindo do melhor, <strong>relembrando o futuro que não chegou e esquecendo o passado póstumo</strong>. Contudo, não me importo que venha em conta-gotas, o importante é que venha e preencha, em partes, a dor do amor – mote para outras tantas letras recitadas em noites de luar.Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-32167710700045317922009-03-08T00:34:00.003-02:002009-03-08T00:55:41.422-02:00As sete mulheres<em>Em homenagem às mulheres. Todas. Com cores várias e crenças mil. De sonhos <strong>únicos</strong> e palavras <strong>múltiplas</strong>. De sorrisos <strong>ensolarados</strong> e com olhos <strong>nublados</strong>.</em><br /><br />Eram sete, e número mais cabalístico <strong>não havia de ter</strong>.<br />Sete mulheres. Sete almas capazes de levar o mundo nas costas com o bom e velho sorriso aberto. Não consigo pensar em beleza mais intensa e força mais sólida; em coração mais bom, em <em>karmas</em> tão <strong>complexos</strong>.<br /><br /><strong>Mulher 1:</strong> A mais velha <strong>virou mãe</strong> das outras miúdas quando a mãe natural morreu. O <strong>coração parou</strong>. Talvez não tenha suportado as mazelas do mundo ou talvez amasse tanto que explodiu de emoção. Mas, com hipóteses à parte, ela já tinha ido e deixado à cargo da número um o árduo trabalho de cuidar das outras seis. A um, era uma mulher bonita, de <strong>olhos charmosos</strong> e de sorriso galanteador. Casou-se, perdeu o brilho e ganhou filhos. Perdeu a autonomia e ganhou <strong>regras</strong>. A família multiplicava, no mesmo compasso da dor de não sabe o que fazer com o futuro.<br /><br /><strong>Mulher 2:</strong> Era quem carregava com mais cuidado o <strong>dom da calma</strong>. Mulher mais paciente não existia e por ter o tempo tão lento, deixou que <strong>caminhassem a pé os desejos e vontades.</strong> Virou esposa tardiamente e mãe com mais atraso ainda. Não tinha diploma, mas o título de mãe e mulher – o que não lhe bastava. Porém, o tal <em>Cronos</em> traria para ela sonhos, nem que fossem só para serem sonhados.<br /><br /><strong>Mulher 3:</strong> Por sorte ou destino nunca foi o <em>clichê-mãe</em>. Não que não quisesse, <strong>mas não lhe</strong> <strong>deram opção</strong>. E sem mais nenhum caminho para trilhar, foi rumo ao cuidado de todos os outros, e assim, foi materna com cada um que passou na vida dela. E justo a vida foi quem a mais ameaçou, e por algumas vezes quis lhe deixar. Mas como mulher não deixou que escapasse e <strong>multiplicou a existência</strong> com a voz e com o olhar.<br /><br /><strong>Mulher 4:</strong> Filha do meio, não tinha lá nem cá e por isso, <strong>escolheu a metade</strong>. Metade menina, metade mulher. Meio ser humano, meio ser do céu. Era como um anjo protegendo seus queridos e semelhantes. E ao cuidar demais do outro fez com que cuidasse menos de si. Criou filho, marido e vínculos até com quem não era dos seus. A <strong>bondade</strong> era a qualidade que caminhava com o <strong>egoísmo</strong>, entornado para si. O equilíbrio <strong>era outra cara metade</strong> que ela não conhecia.<br /><br /><strong>Mulher 5:</strong> A mais vaidosa. Tinha uma <strong>beleza mais histérica</strong> que a número um, e um charme menos sutil. Todavia, mesmo maquiada de paz e felicidade não escondia a dor que sem querer apontava no canto do sorriso amarelo,<strong> emoldurado por lábios vermelhos</strong>. Produzia-se para o mundo e desnudava-se dentro de si... Enfeiando-se. Todos os homens da vida da número cinco ou partiam <strong>deixando um vazio choroso como o ronco da cuíca</strong>, ou ficavam, castigando-a como a mão no couro do tambor. Na batucada da vida, um samba triste anunciava a quarta-feira de cinzas.<br /><br /><strong>Mulher 6:</strong> A risada ecoada pela casa facilmente se confundia com o pranto espalhados pelos cantos. O bom humor típico era tão constante como a rabugice que surgia em dias nublados. <strong>Era de todos pela simpatia ímpar. Era de ninguém em dias que passavam de par em par</strong>.<br /><br /><strong>Mulher 7:</strong> A última era doce. Mais doce que doce de batata doce. Tinha olhar meigo, mãos quentes e <strong>coração aflito</strong>. O talento em criar roupas, artes e alimentos não era identificado no amor. O tinha de sobra e deixava em cada cachecol, colar ou comida que fazia. Deixava amor em todos os lugares e de tanto distribuir, um dia, ficou sem para si. Criou fórmulas e receitas para tê-lo sempre que precisasse, e dessa maneira resolveu botá-lo sempre que a convinha. <strong>Pitadas de amor eram espalhadas como migalhas de pão</strong>, afim de atrair quem desejasse mais...<br /><br /><em>Eram sete, mas poderiam ser 14, 21 ou 1 milhão. Eram só uma parcela do gene XX que o mundo criou sem saber ao certo como administrá-la. Eram sete em uma casa com homens de menos e dores demais. <strong>Sete multiplicadas por outras tantas</strong> e divididas por outros mais.</em>Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-50003042327655693002009-03-01T13:30:00.001-02:002009-03-04T11:58:42.455-02:00Partida<div align="right"><span style="font-size:78%;color:#000099;"><strong><em>"Eu não quero mais mentir</em></strong></span></div><br /><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#000099;"><strong><em>Usar espinhos que só causam dor</em></strong></span></div><br /><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#000099;"><strong><em>Eu não enxergo mais o inferno que me atraiu</em></strong></span></div><br /><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#000099;"><strong><em>Dos cegos do castelo me despeço e vou</em></strong></span></div><br /><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#000099;"><strong><em>A pé até encontrar</em></strong></span></div><br /><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#000099;"><strong><em>Um caminho, o lugar</em></strong></span></div><br /><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#000099;"><strong><em>Pro que eu sou" </em></strong></span></div><br /><div align="right"><strong><em><span style="font-size:78%;color:#000099;"></span></em></strong></div><br /><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#000099;"><strong><em>Nando Reis</em></strong></span></div><br /><br /><br /><br /><br /><br />Assim como os gatos, as mulheres possuem um <strong>sexto sentido apurado</strong> e ótima intuição. E talvez por isso, a dor não a tenha pego de forma tão avassaladora.<br /><br /><br />Nos castanhos vivos, se via uma nuvem de indecisão e tormento. "Não queria te magoar’, eram as palavras dele, saindo doces e descendo amargas feito fel. E esse papo de mágoa ela já conhecia, <strong>a gente magoa só quem a gente gosta</strong>, ela se lembrava. Ninguém quer magoar alguém, mas é o que sempre acontece.<br /><br /><br />A maior <strong>preocupação era com a saudade</strong>, que incomodaria em noites frias e chuvosas, sem cigarro e sem cerveja, sem carinho e sem atenção.<br /><br /><br />Como seriam os dias daqui pra frente? Outros homens <strong>com outros cheiros e medos</strong> haveriam de surgir, mas ainda não era tempo de mudar, pensava. Sendo assim ou sendo assado, ela arrumava as malas para mais uma vez partir.<br /><br /><br />Partiria para <strong>um próximo amor e uma nova dor</strong>. Com cores novas, simbólicas, poesias vivas e palavras bonitas…<br /><br /><br />Iria para longe e para mais um <strong>motivo de inspiração</strong>.Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-90257103382140495972009-02-26T16:45:00.004-02:002009-02-28T17:15:45.006-02:00Quarta de cinzas<div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#990000;">"Acabou nosso carnaval</span></em></div><div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#990000;">Ninguém ouve cantar canções</span></em></div><div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#990000;">Ninguém passa mais brincando feliz</span></em></div><div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#990000;">E nos corações</span></em></div><div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#990000;">Saudades e cinzas foi o que restou"</span></em></div><p><br /><br /><br /><br />A <strong>festa da carne</strong> chegou deixando marcas pelo corpo; sinais físicos e além deles também. Talvez o que tenha mais me balançado tenha sido a volta. Um caminho que não pensei que seria tão conturbado.<br /><br />O <strong>carro bateu</strong>. A porta do passageiro foi destruída e a frente do outro veículo ficou bem acabada. O <strong>cinto segurou</strong>, nenhum ferido, só um roxo na minha cintura e dores espalhadas pelo corpo para lembrar que tudo pode mudar em 1 segundo.<br /><br />Afinal, se tivéssemos saído 1 segundo antes, ou depois, do posto de gasolina; se tivéssemos olhado para a outra pista, e se uma série de ‘ses’ tivesse entrado em cena, nada daquilo teria acontecido.<br /><br />Não tive medo, nem fiquei nervosa, mas ontem, ao acordar e ver o céu nublado, o sorriso da minha vó e o cotidiano colorido, <strong>pensei na vida</strong>. E sentada em um meio-fio, percebi as maravilhas a minha volta e <strong>chorei</strong>. Chorei pelo sol escondido, pelas nuvens de chuva, pelos amores que vieram, pelos que foram embora, por aqueles que ressurgiram mais lindos e mais fortes, pelas dores, pelos sorrisos, enfim, por tudo....<br /><br />Porque eu lembrei que as <strong>marcas da alma</strong> são bem maiores que as marcas do corpo. </p><p></p><p align="right"><strong><span style="font-size:78%;color:#666666;">** e eis que blog ressurge das cinzas....</span></strong></p>Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-85153345415591546762009-01-17T16:11:00.001-02:002009-01-17T16:11:59.425-02:00A voltaPtz. Tem mais de uma semana que eu <strong>voltei do Rio</strong> e não postei absolutamente nada sobre as minhas impressões cariocas.<br /><br />Queria falar do Sol esturricante, da chuva no mormaço, dos mates, das itaipavas...do mar, do amor, de saudade, de nostalgia, de gente, de lugares, de passado, de futuro...<br /><br />Mas em qualquer hora <strong>eu escrevo sobre tudo isso</strong>.<br /><br />Agora não. Porque a chuva cai, algumas burocracias voltam, pessoas aparecem, a TV liga, o som grita, os livros se abrem...<br /><br />Voltar tem disso: um certo mal estar por estar longe da válvula de escape e uma alegria tremenda por estar no meu lugar.<br /><br />Minha vó diz sempre que “<strong>nada como a casa da gente</strong>”. É, ela sabe das coisas.Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-30045526751316072842008-12-28T17:04:00.001-02:002008-12-28T17:05:53.085-02:00“Este Rio de amor que se perdeu...”Minha relação com o Rio de Janeiro é <strong>inexplicável</strong>. Uma vez me disseram que eu tenho um caso de amor com ele... é...acho que ele é <strong>meu amante</strong>.<br /><br />Porque relacionamento sério, de papel passado é com Brasília. Minha cidade querida, de origem e pra sempre. Se eu for embora, eu vou ter que voltar; só porque é Brasília.<br /><br />Mas e o Rio? É a <strong>minha utopia, meu desvio, minha fuga</strong>. Um lugar só meu e de todos. Rara e clichê. Viva e colorida.<br /><br />Sem os concretos típicos da capital me perco pelos paralelepípedos branco e preto, cheios de areia. Sem a terra vermelha me deixo levar pela maresia insistente. Sem o silêncio de domingo ensurdeço com os ecos de <strong>"Sssskol gelada", "Bisssscoito Grobo" ou "Olha o mateee</strong>". Adoro.<br /><br />O Rio se revelou pra mim por meio dos livros. Como boa navegante, viajo por aí... no mar de palavras. Tudo começou quando chegou a minhas mãos “Noites tropicais” de Nelson Motta.<br /><br />A história da música brasileira, pra mim, era tudo aquilo que eu queria ter vivido, visto e sentindo - a mesma sensação que tive ao ler “Ao som do mar e à luz do céu profundo”, também do Nelson, “Quase tudo”, da Danuza Leão e os tantos livros do Ruy Castro. Mesmo (nem sempre) não falando de música, eles me mostraram aquele Rio preto e branco, com menos violência, com mais malandragem do bem, <strong>um Rio perdido nos meus pensamentos e tão próximo</strong>, que me arrepia só em lembrar.<br /><br />Tudo o que eu não vivi no Rio é tudo do que eu sinto falta. E tudo o que vivi é o que me chama de volta, sempre. É o sebo, ali, no Bairro Peixoto; é o ar-condicionado, amolecendo o corpo recém saído do sol; é a Lapa ansiosa, com seus arcos abertos para todo mundo, com todos os cheiros, gostos e cores; é o mercadinho perto do metrô; a padaria da esquina; a pastelaria coreana; as lojas de suco...<br /><br />Se não, é a Praça General Osório, fim da linha do ônibus, a minha lembrança do Bar Jangadeiro, dos tempos de Banda de Ipanema e de Hugo Bidet, que eu nunca vi, só ouvir falar...<br /><br />Cada canto conta uma história, mas todas, no fim, falam do mesmo:<strong> saudade</strong>. E é por isso eu tô voltando, pra buscar, o que no fundo, <strong>também é pouco meu</strong>.Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-36995580003375342472008-12-10T19:56:00.001-02:002008-12-10T19:56:52.396-02:00Ironias<div align="left">10/12/2008: São 14h05, viaduto ao lado do Conic, parte inferior. Menores de idade estão se prostituindo por poucos reais.<br /><br />7/12/2008: um torcedor são-paulino é mais uma vítima do despreparo da polícia brasileira. No mesmo dia, no mesmo lugar, um homem, imobilizado por policiais, leva um tapa na cara de outro policial.<br /><br />10/12/1948: A Declaração Universal dos Direitos Humanos é assinada em Paris.</div><div align="center"><br /><br /><strong><em>"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direito"</em></strong></div><strong><em></em></strong><div align="left"><br /><br />Não é o que eu vejo por aí.</div>Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-62577490279467760802008-12-09T11:50:00.003-02:002008-12-10T20:00:17.590-02:00A PortaEra uma vez eu. Eu na frente de <strong>uma porta sem número</strong>, com aparência de velha. A anciã passagem, que já tinha presenciado inúmeras despedidas nossas, agora, mais uma vez, via uma cena que poucos seriam cúmplices.<br /><br />Era eu lá. <strong>Receosa, medrosa, sem paciência</strong>. Eu tinha ido mais para dizer que tinha feito minha parte do que por qualquer outro motivo. Era para me despedir, dizer <em>boa viagem</em> e só.<br /><br />Esperei um vizinho abrir a portaria, já que não ia berrar à espera de alguém que aparecesse. Algum solidário (e solitário) morador surgiria. Sim, claro.<br /><br />Com o coração na boca e com as mãos suadas <strong>bati três vezes na porta</strong>. Havia marcas de dedos de pó de tinta. “O apartamento seria pintado”, lembrei. E justo, o cheiro de tinta gritava.<br /><br /><strong>Ela gritava e eu muda</strong>. Torcendo para que ninguém aparecesse. Para que despedidas? Lágrimas, apelos e mentiras? Não vê-lo seria o melhor a acontecer.<br /><br />E foi.<br /><br />Descendo as escadas, que foram cúmplices de mãos dadas e de pés ansiosos, fui aliviando a necessidade da obrigação. Dizer “boa viagem”, “volta logo”, “você foi importante pra mim” não seria mais necessário. Foi uma daquelas partidas típicas da minha vida: <strong>silenciosa, lenta e</strong> <strong>subjetiva</strong>.Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-65132471940875890562008-12-05T19:13:00.000-02:002008-12-05T19:14:22.050-02:00Em busca de vôos mais altosGente, queria compartilhar uma coisa com vocês...<br /><br />Ontem, vi um negócio super bacana na <strong>TV Brasil.</strong> O programa <em>Caminhos da reportagem</em> falou sobre a eleição que levou <strong>Barack Obama</strong> ao poder e as possíveis conseqüências dessa vitória. No programa foi exibida uma fala do <em>rapper </em>Jay Z, que é mais ou menos assim:<br /><br />"<strong><em>Rosa Parks sentou para que Luther King pudesse andar. Luther King andou para que Obama pudesse correr, e hoje, Obama corre para que possamos voar</em></strong>".<br /><br />É, a esperança está no ar...Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-31097301220526414272008-12-02T13:29:00.002-02:002008-12-02T13:33:16.504-02:00Samba de A a Z<div align="right"><strong><em><span style="font-size:85%;color:#993300;">"eu canto samba porque só assim eu me sinto contente. eu vou ao samba porque longe dele eu não posso viver..."</span></em></strong></div><br /><br />Em homenagem ao <strong>Dia Nacional do Samba</strong>, vai aí um abecedário bem simples para quem quer saber um pouquinho dos grandes nomes desse gênero musical tãoo brasileiro.<br /><br /><strong>Bom samba!</strong><br /><br /><strong>A</strong> Adoniran Barbosa, Alcione, Arlindo Cruz<br /><strong>B</strong> Beth Carvalho, Bide<br /><strong>C</strong> Cartola, Clementina de Jesus<br /><strong>D</strong> Demônios da Garoa, Dona Ivone Lara<br /><strong>E</strong> Elton Medeiros<br /><br /><strong>F</strong> Fundo de Quintal<br /><strong>G</strong> Guilherme de Brito, Guinga<br /><strong>H</strong> Heitor dos Prazeres<br /><strong>I</strong> Ismael Silva<br /><br /><strong>J</strong> Jamelão, João Nogueira, Jorge Aragão<br /><strong>L</strong> Leci Brandão, Luiz Carlos da Vila<br /><strong>M</strong> Martinho da Vila, Marti’nália<br /><strong>N</strong> Nelson cavaquinho, Noel Rosa<br /><strong>O</strong> Os Originais do Samba<br /><br /><strong>P</strong> Paulinho da Viola, Paulo da Portela, Pixinguinha<br /><strong>Q</strong> Quinteto em Branco e Preto<br /><strong>R</strong> Riachão<br /><strong>S</strong> Sombrinha<br /><strong>T</strong> Tereza Cristina<br /><br /><strong>V</strong> Vadico<br /><strong>Z</strong> Zeca Pagodinho<br /><strong>W</strong> Wilson BatistaMahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-89497481457510906202008-11-30T23:48:00.000-02:002008-11-30T23:49:26.957-02:00A profissão que escolhiJornalismo é uma profissão <strong>complicada.</strong> Pro vários motivos.<br /><br />Quando as pessoas dizem que vai fazer jornalismo os pais se desesperam temendo que os filhos morram de fome ou se tornem alcoólatras. Ou os dois. Mas uma coisa que eu aprendi é que tem como ganhar grana com a profissão: <strong>basta ser bom</strong>. E tem como não se tornar alcoólatra. Mas essa parte aí eu ainda não descobri como. =O<br /><br />Jornalismo é uma <strong>competição</strong>, o tempo todo. Quem escreve mais, melhor e mais rápido. É duelo com os outros e consigo mesmo. A luta começa antes mesmo da graduação, com os estágios. Quem arranja o melhor? Quem é contratado? Se a pessoa não tiver equilíbrio e boa índole tá ferrado. Inveja permeia demais essa área, mas há como ter competições saudáveis. O exemplo disso são indicações de amigos pra outros estágios e estímulo entre os colegas. Tem um amigo meu que diz que a nossa competição é super saudável. Também acho, e vai ser por isso que um dia seremos ricos, bebendo numa mesa de bar. Hahaha<br /><br />A competição aliada com outros fatores causa uma doença muito complicada: o <strong>ego</strong>. Nada pior que um mega-ultra-power ego, coisa que, normalmente, jornalista tem. A humildade é pra poucos. Entra numa redação que em 10 minutos de conversa você vai entender o que eu digo.<br /><br />Jornalismo<strong> é bom, mas é ruim</strong>. É bom porque você informa as pessoas, e ruim porque essa informação pode acabar com a sua carreira. Por isso insistem tanto para que sejamos rígidos quanto a apuração. Mas mesmo assim, algumas vezes, com tudo apurado, certinho, tem alguém pra meter pau, dizer que é mentira ou sei lá. Assim, surge um desafio: a <strong>reputação</strong>.<br /><br />Reputação se adquire com tempo e talento, e não é pra qualquer um. Tem gente muita boa por aí com mais de 20 anos de carreira, e mesmo assim não tem reputação. É o <strong>sonho de todo foca</strong>.<br /><br />Não é fácil ser jornalista (por mais moleza que pareça ser a graduação). Mas quem escolhe esse ramo tem o privilégio de escrever sempre: factual, ficção, o que for. Pode gerar raiva, emocionar ou fazer chorar. Enfim, tem o dom de fazer sonhar, refletir e questionar só com uma ferramenta: <strong>a palavra</strong>.<br /><br />É...tô no caminho <strong>certo</strong>.Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-72063487363922649522008-11-27T08:43:00.004-02:002008-11-27T09:09:15.114-02:00Coisas de Festival (2008)Mais um festival. O <strong>41º</strong> para ser mais exata. O meu mesmo eu não sei qual é; perdi a conta. Mas dos poucos que fui e do muito que vi... Aff! Que repetitivo.<br /><br />Assim, além daquele esquema <strong>pseudo-intelectual</strong> de palmas para frases pseudo-impactantes dos filmes, tem o pessoal de sempre. Pô, talvez eu esteja no hall do <em>pessoal de sempre</em>, mas ao menos sou discreta. Não uso bonés roxos, botas vermelhas ou echarpes azuis com bolinhas amarelas.<br /><br />Tá, então, mais um festival. <strong>Fila quilométrica, atraso, gente no chão</strong>... Gente em todo lugar na verdade. Principalmente na porta. E se você quiser ver alguém no evento é só ir pra porta principal. Dez minutos é tempo suficiente para encontrar meia dúzia de colegas da época do segundo grau que se tornaram mais <em>pseudo</em> do que você poderia imaginar. Coisas na Universidade pública.<br /><br />Dica pra não esperar muito: se você realmente quiser ver os filmes, vá para a sessão das 20h30 que começa 21h, porque é mais maneira já que os diretores apresentam o elenco fazem uma sinopse breve (ou não), porque é mais cedo e porque depois da sessão você poderá fazer a <strong>exposição da figura na Medina</strong> (vulgo Cine Brasília) na porta principal.<br /><br />O festival pode ser classificado vários quesitos. Ressalto dois.<br /><br /><strong><span style="color:#ff6600;">Roupa</span></strong><br />Porque as pessoas não podem usar <strong>roupas comuns</strong>? Tipo jeans e blusa da C&A?<br />Mas não... as pessoas tem que juntar que há de mais exótico no armário e sair por aí achando que tá abalando. Tem gente que não saca "Menos é mais", já diria um fashion por aí.<br /><br /><strong><span style="color:#ff6600;">Pânico de semi-conhecidos</span></strong><br />Brasília+ um único evento barato+ badalado = gente pra caramba junta. E pior, conhecida.<br /><br />Não adianta fugir, olhar pro lado ou fingir que o celular tocou. Sério, vai ser pior. Nada mais chato que ver um semi-conhecido na sua frente e se fazer de invisível. Cumprimenta, sorri. Educação é jóia rara nos dias de hoje (Ai ai ai ...Essa dica fica pra mim também).<br /><br />Agora...<br /><strong>As premiações</strong><br /><br />Ano passado eu fiz um resuminho de cada filme que vi e soltei minha opinião sobre eles. Esse ano é complicado porque vi pouquíssimas películas já que fui vítima do <strong>marasmo coletivo</strong> que assolou o Festival nesse ano. Na segunda-feira, último dia de exibição, foi um horror: cheguei atrasada e vi cadeiras sobrando. O que será que aconteceu com a edição de 2008?<br /><br />Documentários em excesso? Poucos nomes de expressão? A dúvida cruel fica no ar.<br /><br />Abaixo os longas, médias e curtas que passaram nas sessões de 20h30 e 23h30.<br /><br /><strong>À margem do lixo (Evaldo Mocarzel) –</strong> Desde do começo do Festival já sabia que ia levar o Prêmio do Júri Popular. Levou também o Prêmio Especial do Júri, o Prêmio Aquisição TV Brasil e o de melhor fotografia. Achei o filme bacana, mas tendencioso demais. As palmas no Cine Brasília para o discurso pró-Lula me irritaram. Assim como o papo de socialismo. Não sei. Tem certas coisas que não colam mais.<br /><br /><strong>FilmeFobia (Kiko Goifman) –</strong> Melhor filme do Júri Oficial, melhor ator, melhor direção de arte e melhor montagem. Como no ano passado (com Cleópatra), o gosto do júri não encaixou com o do público. Desde o dia da exibição todo mundo criticou.<br /><br /><strong>O milagre de Santa Luzia (Sergio Roizenblit) –</strong> Melhor trilha sonora e Prêmio Vagalume como melhor longa.<br /><br /><strong>Siri-Ará (Rosemberg Cariry) -</strong> Melhor atriz, melhor atriz coadjuvante e melhor ator coadjuvante. Não vi por causa das críticas excessivas.<br /><br /><strong>Ñande Guarani (Nós Guarani) (André Luís da Cunha) –</strong> Melhor som e Troféu Conterrâneos. O documentário é bem didático. Mas só. Não achei nada de demais.<br /><br /><strong>Tudo isto me parece um sonho (Geraldo Sarno) –</strong> Melhor direção e melhor roteiro. As duas primeiras cenas apareceram na tela e eu desisti de ver o filme.<br /><br /><strong>A arquitetura do corpo (Marcos Pimentel)</strong> – Melhor montagem.<br /><br /><strong>A minha maneira de estar sozinho (Gustavo Galvão)</strong> – O filme do ex-aluno da UnB era um dos mais esperados. Decepcionou todo mundo.<br /><br /><strong>A mulher biônica (Armando Praça) -</strong><br /><br /><strong>Ana Beatriz (Clarissa Cardoso)</strong> – Melhor roteiro. Gostei do filme. É bem leve e sem indagações intelectuais. Me lembrou o Café com Leite do ano passado. Senti falta disso nesse ano: leveza nos curtas.<br /><br /><strong>Brasília (Título Provisório) (J. Procópio) -</strong> Prêmio Júri Popular. Achei bobo. Fui assistir com certa ressalva porque antes de entrar na sala me disseram ser homofóbico e racista por causa de declarações da película. Tais declarações são sutis, mas me levaram a um outro questionamento: quantos preconceitos se tornaram banais? Chamar o amigo de viadinho pode ser engraçado, mas e quando há um homossexual presente? Ele certamente não acharia graça de algo que se tornou tão banal. Um olhar mais treinado viu facilmente os traços homofóbicos do filme.<br /><br /><strong>Cães (Adler Paz e Moacyr Gramacho) –</strong> Melhor ator, melhor fotografia, melhor curta e Prêmio da Crítica. Não entendi lhufas, mas, sem dúvida, mereceu o prêmio de melhor fotografia.<br /><br /><strong>Cidade Vazia (Cássio Pereira dos Santos) –</strong><br /><br /><strong>Minami em close-up – A boca em revista (Thiago Mendonça) -</strong> Melhor direção. Achei interessante por mostrar temas que quase ninguém sabe: os filmes da Boca do Lixo e a revista Cinema em Close-up.<br /><br /><strong>Na Madrugada (Duda Gorter) –</strong> Melhor atriz melhor curta pelo Pêmio Vagalume. Lindo. O melhor curta do evento. Conta a história de amor de duas mulheres de meia idade. Ana Lúcia Torre mereceu demais ganhar o prêmio de melhor atriz.<br /><br /><strong>Nº 27 (Marcelo Lordello) - </strong><br /><br /><strong>Que Cavação é Essa? (Estevão Garcia e Luís Rocha Melo) -</strong><br /><br /><strong>Superbarroco (Renata Pinheiro) –</strong> Melhor filme pelo Júri Oficial, Prêmio Aquisição Canal Brasil. Tão confuso quanto Cães. Talvez não esteja preparada para análises cinematográficas tão abstratas.<br /><br /><div align="right"><strong><span style="color:#666666;">*esse texto também pode ser lido em </span></strong><a href="http://www.estudiocapital.com.br/"><strong><span style="color:#666666;">http://www.estudiocapital.com.br</span></strong></a></div>Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-17522126968550741422008-11-20T08:40:00.003-02:002008-11-20T11:32:54.529-02:00Mais um Dia da Consciência Negra. Ainda bem.<div align="right"><strong><em><span style="font-size:85%;color:#660000;">"Se hoje estou aqui, só devo a Dandara, só devo a Zumbi"</span></em></strong></div><br />A data criada para <strong>questionar o dia 13 de maio</strong> (Abolição da escravatura) veio para pôr em prática o que é ser negro, como é ser negro e o pensar negro. E justamente nessa semana fui testemunha de mais uma prática do racismo.<br /><br />Talvez se não existissem datas e ações como o da Consciência o fato passasse despercebido. Mas a luta do movimento negro não é vã. O racismo tem que ser admitido para que seja combatido.<br /><br />Ouvi um ofender outro por causa da sua cor de pele. "Seu preto nojento" ou qualquer coisa do tipo. Meu sangue ferveu. A justificativa da pessoa que emitiu tal comentário não cola. Não adianta pedir desculpas nem dizer que não tem racismo. Tem sim, e o pior deles: o velado. E é por causa desse racismo não admitido que no Brasil não é possível combater essa praga. Exemplo clássico onde o racismo exarcebado gerou a mudança de consciência - em partes, claro : os EUA. Até a terra do Tio Sam, <strong>caldeirão efervescente de segregação racial</strong>, está a um passo a frente: elegeu Obama. E nós, continuamos aqui, <strong>atrelados à hipocrisia</strong>.<br /><br />Eu chorei. De raiva, de revolta e de tristeza. Não compreenderam.<br />Choram em filmes, e porque eu, na vida real, ao ver absurdo como esse não posso chorar?<br /><br />A vida real é muito mais passional que melosas tramas <em>hollywoodianas</em>.<br /><br />Ano passado disse que dia esperava por dias melhores. Reitero minha afirmação. <strong>Sigamos lutando.</strong>Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-32556123080699151422008-11-06T21:15:00.010-02:002008-11-07T10:50:59.589-02:00Black Power<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFwUgjrTNm5Au1BCIkPvwc9RmLyaPaL44Y3UVlb2pqNtX47agU6TnzKFkJFSwbyUo57s9lT2lsX6b5pFfANtF_lGohZA26-TcV1Qg6U7RtCLFQjMy9PiO7yg6tp_ltznGv2-j-WqKTBh4q/s1600-h/BLACK+POWER.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5265688399693367986" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 298px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFwUgjrTNm5Au1BCIkPvwc9RmLyaPaL44Y3UVlb2pqNtX47agU6TnzKFkJFSwbyUo57s9lT2lsX6b5pFfANtF_lGohZA26-TcV1Qg6U7RtCLFQjMy9PiO7yg6tp_ltznGv2-j-WqKTBh4q/s320/BLACK+POWER.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div align="center"><strong><span style="color:#666666;">"I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character. I have a dream today!"</span></strong></div><br /><br /><div align="center"><span style="color:#666666;"></span></div><br /><br /><div align="center"><span style="font-size:85%;color:#666666;">(Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças um dia poderão viver em uma nação onde eles não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo o conteúdo do seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!)</span></div><div align="center"></div><div align="center"><span style="font-size:85%;color:#666666;"><strong>Martin Luther King Jr.</strong></span></div><br /><br /><span style="font-size:85%;color:#33ccff;"></span><br /><br /><br />Muitos me disseram para não torcer para o <strong>Barack Obama</strong> porque não moro nos Estados Unidos e por tampouco ser norte-americana. Mas se há brasileiros que torcem pro Milan, Real Madrid, Manchester United (comparação esdrúxula) por que não posso torcer para a política norte-americana?<br /><br />Pois bem, deixem-me torcer para quem eu quiser.<br /><br />Torci para o Obama mesmo com algumas falhas, como a falta de uma política consistente para a América do Sul. Mas, apesar de tudo, eu queria ele no poder dos EUA.<br /><br />Muitos reclamam do <strong>excesso midiático</strong> e do teatro sobre o fato de Obama ser negro. Acho ótimo. Após 43 presidentes e mais de 200 anos depois um afro-descente é o homem mais poderoso da nação mais poderosa do mundo.<br /><br />Muitos me questionaram porque não apoiar Hillary Cliton, afinal, ela é mulher. Porque antes de ser mulher sou negra. É a minha cor de pele que me caracteriza, que move. “<strong>É a tua cor que eles olham</strong>”, já diria a música. Justo, é ela que se destaca, que grita, <strong>pedindo passagem.</strong><br /><br />Todo esse alvoroço não é vão. Porque...<br /><br />Quando <strong>Jesse Owens</strong> calou a boca de Hitler...<br />Quando três <strong>ativistas negros</strong> foram assassinados no Mississipi por um membro do Klu Klux Klan...<br />Quando <strong>Rosa Parks</strong> se negou a ceder seu lugar no ônibus para uma mulher branca...<br />Quando <strong>Martin Luther King</strong> proclamou o clássico <em>I had a dream</em>...<br />Quando <strong>Obama </strong>ganhou as eleições deste ano...<br /><br />Representaram, de alguma maneira, que <strong>algo pode ser mudado</strong>.<br /><br />Quando os discursos raciais não se fizerem mais necessários, talvez seja o sinal que alcançamos o sonho de Luther King. Um sonho traçado de pouco em pouco, com pitadas de<strong> rebeldia, equilíbrio e luta.</strong><br /><strong></strong><br /><strong></strong><br /><div align="right"><strong><span style="font-size:78%;color:#333333;">**arte: Cláudio Fonseca</span></strong></div>Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-14330837439489128962008-10-26T20:17:00.001-02:002008-10-26T20:25:49.009-02:00AbandonoEsse <em>blog,</em> coitado, anda <strong>tão abandonado</strong>.<br />Mas é o tempo, sabe? Sempre culpa dele.<br /><br />Trabalho em excesso, tribulações cotidianas e todas essas coisas. Fim de semestre é sempre assim, e parece que esse anda impossível.<br /><br />O mundo anda meio abandonado também. É a morte desastrosa de uma menina de 15 de anos, é a mídia caótica, é a polícia do meu país em pé de guerra, é a oscilação da bolsa, é a fome, são as queimadas, as monções, a corrupção...<br /><br />Não sei se é coletivo ou local, mas sei que uma <strong>nuvem de desânimo</strong> pousou na minha cidade e os jovens que deveriam borbulhar energia estão mais parados que os ventos daqui.<br /><br />É o calor, são as histéricas cigarras, é a lei seca.<br /><br />Uma cidade que não tem mar precisa de bar. Nem as cervejas estão dando conta do marasmo coletivo.<br /><br />Fico aqui, na espera que o Sol, a Lua ou algum planeta mude de posição, trazendo boas novas para gente.Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-85640421596470281292008-10-15T15:27:00.002-02:002008-10-15T15:31:24.871-02:00Breve comentário 2Deu na <em>France Press</em> que o escritor Paulo Coelho é um dos convidados da <strong>60ª edição da Feira do Livro de Frankfurt</strong>. Até aí tudo bem, mal gosto para convidado não se discute. Mas porque ele estará lá? Porque ele vai comemorar os <strong>100 milhões de exemplares</strong> de livros vendidos no mundo!<br /><br />E isso não é o pior.<br /><br />Paulo Coelho também irá receber um<em> Livro Guinness dos Recordes Mundiais Especial</em> por seu romance <em>O Alquimista</em>, como o mais traduzido no mundo <strong>(67 idiomas – <em>por Dios</em>!).</strong><br /><br />O <strong>mundo tá perdido</strong> e ainda não se deu conta disso.Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-1760360782501905382008-10-12T16:39:00.003-02:002008-10-12T16:43:23.224-02:00Cem anos de Cartola<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZzlODMghiW0odjTFdEFad_w5q0ddj2NKDng7vCLX1VxHp6BSszxPyA9JAM9yITzIQ0sErAU860ISgepO0PZ7NpU2jiwc5BeFvoB3vIMSKKKacc8M83Qm31yI__r8vNR0SCtFXrQ3buRW6/s1600-h/cartola.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5256339791139432914" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZzlODMghiW0odjTFdEFad_w5q0ddj2NKDng7vCLX1VxHp6BSszxPyA9JAM9yITzIQ0sErAU860ISgepO0PZ7NpU2jiwc5BeFvoB3vIMSKKKacc8M83Qm31yI__r8vNR0SCtFXrQ3buRW6/s200/cartola.jpg" border="0" /></a><br /><div align="right"><em><span style="font-size:85%;color:#ff6666;">“Os tempos idos<br />Nunca esquecidos<br />Trazem saudades ao recordar<br />É com tristeza que eu relembro<br />Coisas remotas que não vêm mais”<br /><br /><span style="color:#006600;">Tempos Idos – Cartola e Carlos Cachaça</span></span></em></div><br /><div align="justify"><br /><br />Desde o começo do ano eu pensei em preparar um texto bem especial para o dia 11 de outubro, ontem. Mas o destino não quis. Falta de tempo, organização, cansaço e preguiça. Vários fatores me fizeram não fazer uma <strong>pesquisa aprofundada sobre Cartola.</strong><br /><br />Eu até comecei a ler uns livros sobre música, que contava a história desse músico genial, criador da minha querida escola Estação Primeira de Mangueira. O nome veio de uma estação, óbvio, que tinha uma mangueira na frente. <strong>Mais simples impossível.<br /></strong><br />Querida escola, mas digo, <strong>um tanto quanto ingrata.</strong> Nem todos ali concordaram, eu bem sei, mas me revolto. Ao invés de escolher seu criador como tema de samba enredo deste ano, o frevo ganhou espaço na quadra. Por isso faço questão de engrossar o coro daqueles que lembraram de Cartola em seu centenário. Já que a escola não o fez.<br /><br />Falar da vida de Angenor de Oliveira é difícil pra mim. Perdão, escrever sobre ele que é difícil. <strong>Falar é fácil.</strong> É só sentar uma boa mesa de bar, que a história por si só toma conta das palavras e verbaliza sobre o nascimento complicado, o amor por Zica, o encontro com Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) ou sobre o restaurante mais badalado na rua da Carioca, o Zicartola.<br /><br />Filmes, livros e discografias são capazes de contar um pouquinho da vida dele também. Cartola nasceu no dia em que Machado de Assis morreu. O mundo tirou um poeta para deixar outro, mais simples, pontual e contemporâneo. Em 30 de novembro de 1891, o mundo nos tirou mais um talento; <strong>e deixou um vão enorme</strong>.<br /><br /><strong><span style="color:#009900;">Bibliografia:<br /></span></strong>Inúmeras<br /><br /><span style="color:#ff6666;"><strong>Filmografia:</strong><br /></span>Cartola – Música para os olhos (Lírio Ferreira e Hilton Lacerda)<br /><br /><span style="color:#009900;"><strong>Discografia</strong> </span>(extraída de <a href="http://www.cartola.org.br/discografia.html">http://www.cartola.org.br/discografia.html</a>) :<br /><br /><span style="font-size:85%;">Fala, mangueira<br />Nova história da MPB – Cartola<br />Cartola – Por seus autores e intérpretes<br />Cartola (1974)<br />Cartola (1976)<br />Cartola – Verde que te quero rosa<br />Cartola – Ao vivo<br />Cartola – 70 anos<br />Adeus mestre cartola<br />Cartola – Documento inédito<br />Cartola – História da mpb<br />Cartola – Entre amigos<br />Cartola - 80 anos<br />Cartola – Bate outra vez<br />Cartola 70 – Edição comemorativa do lp –“Fala, mangueira”<br />10 anos sem cartola - Disco 1 e 2<br />Arranco – Sambas de cartola<br />Cartola – O sol nascerá<br />Cartola – Série aplauso<br />Cartola – MPB compositores</span></div>Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-24782950417000134112008-10-06T14:38:00.003-02:002008-10-07T09:09:20.459-02:00Senhor das situaçõesParece que não foi só que eu senti <strong>saudade do passado.</strong> De umas semanas pra cá, ele voltou com muita intensidade, e como era de se esperar, eu o recordei. Guardei os melhores momentos na lembrança e os folheei <strong>como quem revê um álbum de fotos antigas</strong>. Em menos de um ano, tudo virou de cabeça pra baixo e revelou mudanças anunciadas há tempos.<br /><br />Eu ouvi um antigo companheiro dizer “Ah! Que saudade”, quando comentei sobre um almoço de outro dia. Era como se tivéssemos entrado em uma máquina do tempo e voltado para a nossa adolescência, o Ensino Médio, cheio de provas... Poderia ser como eram naquelas semanas que estudávamos o mundo, e para esquecê-lo, uma salvadora cerveja era paga com uns trocados da mesada.<br /><br />Ao longo da conversa <strong>nomes que pareciam tabus</strong> iam aparecendo e trazendo o gosto da saudade, de tempos que jurávamos ser para sempre. Nada nos destruiria, nada. Até que o tempo se mostrou transformador e destruidor. Sua ação foi sutil, como a maresia que enferruja os portões de uma casa a beira-mar.<br /><br />Não falo mais com fulano que brigou com o sicrano que mudou de cidade tem uns dois anos. A Mariazinha, vizinha do Pedrinho, viu o João, que foi grande amigo de Joaquim. É mais ou menos assim que a nossa história pode ser contada. Gente que ficou para trás num emaranhado de lembranças.<br /><br />Explicava ao antigo companheiro: “Demos tempo ao tempo”, e ele relutante <strong>não compreendia a magia da espera.<br /></strong><br />E foi justamente por querer abraçar o mundo com as pernas que nos perdemos e nos tornamos <strong>agridoces histórias</strong> a serem contadas em encontros marcados pelo destino – o misterioso senhor das situações.Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4439857559053024129.post-91564528331502185692008-09-26T18:53:00.004-02:002008-09-27T13:21:26.926-02:00Cegueira cor-de-rosaEssa semana assisti<strong> Ensaio Sobre a Cegueira</strong>. O melhor filme dos últimos tempos, mesmo com críticas estapafúrdias, como a de um crítico britânico que chamou a <strong>obra de Meireles</strong> de “deprimente”. Saca nada esse cara.<br /><br />Fernando Meireles se superou. Para quem não sabe, ele é o mesmo diretor de <strong>Cidade de Deus</strong> - pra mim, melhor filme da retomada cinematográfica brasileira.<br /><br />Ensaio Sobre a Cegueira é baseado no<strong> livro homônimo de José Saramago </strong>(jornalista e poeta português, vencedor do Prêmio Nobel), que conta a história de uma cidade que é tomada por uma cegueira branca e os “contaminados” são deixados em um lugar à parte, jogados à própria sorte.<br /><br />A partir daí os instintos humanos se sobressaem. <strong>O melhor e o pior. Solidariedade e crueldade. Respeito e violação. </strong>Para quem não viu corra ao cinema mais próximo. A única certeza é a inquietação após a película.<br /><br />E Brasília também está sendo tomada por uma cegueira, só que cor-de-rosa. Nessa semana, o jornal <em>Correio Braziliense</em> <strong>escancarou o que a gente tá cansado de ver</strong> pelas madrugadas, por ali, nas redondezas do Hotel Nacional.<br /><br />Meninas fazem sexo oral por R$ 3 e meninos são espancados, além de violados sexualmente. Todo mundo sabe que isso existe, mas parece que ler os detalhes dói mais. Ouvir deve ser pior ainda.<br /><br />Mas essa cegueira não é exclusiva da capital federal. É uma epidemia espalhada pelo país todo.<br /><br />Quando eu tinha uns 13, 14 anos, estava em alguma praia do nordeste. Conheci uma menina que devia ter a minha idade e conversamos bastante entre uma onda e outra. Ela era de lá e visualmente dava pra perceber que suas condições financeiras não eram das melhores.<br /><br />Passado um tempo um homem branco, feio e barrigudo se aproximou. Com uma cara maliciosa ele começou a conversar com a menina que dava trela pro papo furado dele. <strong>Ela sumiu em questões de minutos. Ele também.</strong><br /><br />Depois das matérias do <em>Correio</em> um monte de político disse que vai fazer isso, o governo aquilo, mas eu quero só ver até quando vão durar essas mudanças. <strong>Já já a cegueira cor-de-rosa volta</strong> e tudo fica por isso mesmo.<br /><br />E quando ela voltar o que faremos? Assim como no filme precisamos de alguém que nos guie. E sem dúvida, os únicos imunes a cegueira serão esses meninos e meninas <strong>que sofrem na pele a dor do descaso.</strong>Mahhttp://www.blogger.com/profile/05469821764671381229noreply@blogger.com5